FT-CI

Entrevista com Mario Caballero

Oaxaca: último momento

28/10/2006

Durante o dia de hoje os meios difundiram a chegada das forças federais, a PFP, ã cidade de Oaxaca, com aviões, helicópteros e centenas de efetivos. No dia de ontem as forças paramilitares do governo de Ulisses Ruiz assassinaram quatro pessoas, entre elas um jornalista estadunidense do Indymedia. O que segue é uma transcrição da entrevista feita a Mario Caballero, dirigente da Liga de Trabalhadores pelo Socialismo do México, realizado pelo programa de rádio Pateando el Tablero.

Pateando el Tablero: Nas últimas horas tem se recrudescido o conflito em Oaxaca. Conte-nos um pouco quais são os últimos acontecimentos.

Mario Caballero: Ontem pela manhã grupos paramilitares a serviço de Ulisses Ruiz iniciaram um operativo para recuperar o centro da cidade e com táticas de guerra civil (lembrando governos sul-americanos nas décadas de 1970 e 1980), metralharam as barricadas provocando a morte de quatro pessoas, entre elas um repórter do Indymedia, notícia que já deu a volta ao mundo e que provocou que a Embaixada Norte-americana, através de seu embaixador Tony Garza, demandara a proteção aos cidadãos estadunidenses e alertasse aos norte-americanos sobre o perigo de viajar ao país. Também morreram ativistas e professores, são quatro os mortos até agora, nas quinze metralhadas que deixaram como saldo mais de 23 feridos. Neste operativo criminoso desta suposta “nova democracia mexicana” foram presos muitos comuneros. Seguramente a idéia de Ulisses Ruiz é abrindo o caminho ao governo federal para que não entre diretamente o exército senão que através de seus paramilitares. Ulisses Ruiz quer oferecer ao governo federal uma saída mais fácil.

Achamos que é parte de um acordo, que ainda que não seja uma política direta do secretário de Governo, Abascal, recuperar a cidade dessa maneira até que não se esgotassem segundo ele, as vias de negociação; Ulisses Ruiz toma esta iniciativa para se reposicionar quando tiver que negociar sua mudança. É uma situação orpressora aqui no país. Oaxaca significa o ponto mais alto da luta de classes porque expressa de maneira concentrada a pobreza e a miséria que há neste país, que o presidente Fox mostra como um país maravilhoso. A tensão em Oaxaca é muita, ontem ã noite a praça da cidade estava em alerta máximo porque provavelmente os paramilitares avançariam para o centro desalojando os acampamentos pela via de um massacre.

PelT
: Conte-nos qual é a posição do presidente Fox, que está encerrando seu mandato, ante esta situação.

MC: Fox disse até agora que isto tem que se resolver pela via legal, isto é, negando a demanda política e a grande mobilização que tem impactado a nível nacional e internacional, propondo que Ulisses Ruiz deveria tomar a decisão que melhor lhe pareça a ele ou que ao Congresso em última instância definisse. Mas o Congresso mexicano funciona a serviço dos interesses dos grupos dominantes que hoje encabeça o PRI (que governou o país por mais de 70 anos) ou o PAN que é o partido que governa o país desde 2000. Dificilmente um congresso desse tipo vá procurar uma saída que favoreça as massas. Há uma crise das instituições e muito pouca credibilidade para as instituições mexicanas da parte dos trabalhadores que estão a dizer que neste país qual sentido de acreditar em instituições que demonstraram um caráter completamente repressivo. Além disso trata-se de um congresso que está subordinado aos interesses do imperialismo norte-americano. Visto desse modo Fox o que propõe é lhe entregar ao próximo governante, Felipe Calderón (também do PAN) uma situação onde o novo governo não tenha que manchar suas mãos. Mas é sabido que Calderón acordado com a Secretária de Governo, com o presidente e com os gabinetes de segurança mexicanos uma saída rápida que impeça que isto tenha maiores repercussões a nível nacional. Isto pelo apoio que possa seguir ganhando ou gerando esta importante luta que como bem dizem a tem dominado: a comuna de Oaxaca.

PelT: Vimos pela televisão a nova ofensiva repressiva, qual é a posição da AAPO em frente a estes fatos?

MC: Nós temos estado nestes dias acompanhando o magistério no plantão que instalaram os companheiros da APPO e o magistério de Oaxaca fora do Senado (no Distrito Federal), e ao mesmo tempo iniciaram 21 companheiros e companheiras uma greve de fome. Imediatamente que se soube da repressão, se fez uma marcha ã Secretaria de Governo com companheiros da APPO e organizações solidárias que estão apoiando o movimento. Após esta marcha os companheiros e companheiras da APPO acordaram em realizar uma assembléia para analisar a situação e resolver algumas medidas. Estivemos na assembléia até as 3 e meia da manhã, e a base, os companheiros mais abnegados, os que estão aí a cada dia, sofrendo o frio que há nas noites de guarda na capital, estiveram totalmente na contramão da negociação que fez o dirigente Enrique Rueda Pacheco. Este dirigente, ao impulsionar a volta as aulas mediante uma consulta permitiu que o governo tivesse mais força e desse um passo adiante. Mas, sobretudo desatou a raiva contida de Ulisses Ruiz e suas forças paramilitares. Lamentavelmente a direção desviou a culpa do governo federal e há descontentamento na base. Foram organizadas marchas para hoje, várias ações, realizaram-se denúncias ã ONU, mas apesar de que os colegas realizaram protestos não tiveram respostas favoráveis destes organismos. Muitos diziam que com esta atitude da ONU mostra claramente o caráter deste organismo internacional a serviço dos interesses do capitalismo imperialista e dos poderosos deste país.

PelT: Frente a estes momentos decisivos em Oaxaca, qual é a posição do subcomandante Marcos do EZLN frente a este gravíssimo conflito?

MC: Lamentavelmente o subcomandante Marcos falou muito pouco de Oaxaca, algumas organizações propuseram ao EZLN e a Convenção Nacional Democrática (um movimento que se organizou contra a fraude eleitoral) que apóiem o conflito mas até agora não responderam. Faz alguns dias o comandante fez uma denúncia dizendo que se “Tocam em Oaxaca, tocam-nos a todos”, mas nos fatos não há nada, não moveu um só dedo, não há uma só ação de apoio a estes valentes camponeses, indígenas e trabalhadores de Oaxaca. É lamentável que uma organização que se propõe à luta pela democracia não diga nada. Já anteriormente o zapatismo e “La Otra Campaña” foram criticados porque se negaram a mobilizar-se contra a fraude que o governo federal, o panismo e o PRI organizaram contra o candidato do PRD. É lamentável mas apesar disto, as organizações vão exigir a Marcos que mude sua posição e realize conjuntamente uma grande mobilização para frear esta ofensiva que pensamos que se pode estender a vários estados que sofrem as mesmas condições de miséria, exploração e opressão destes governos autoritários.

A assembléia acordou exigir-lhe ã direção a Rueda Pacheco que denuncie Ulisses Ruiz porque fez uma declaração onde lhe lava a cara ao servidor público a cargo da política de interior. Não sabemos qual foi a resposta em Oaxaca a esta petição e não sabemos também não se Enrique Rueda marchará junto com os trabalhadores que lhe estão demandando.

Site do Pateando El Tablero

  • TAGS
Notas relacionadas

No hay comentarios a esta nota

Periodicos

  • PTS (Argentina)

  • Actualidad Nacional

    MTS (México)

  • EDITORIAL

    LTS (Venezuela)

  • DOSSIER : Leur démocratie et la nôtre

    CCR NPA (Francia)

  • ContraCorriente Nro42 Suplemento Especial

    Clase contra Clase (Estado Español)

  • Movimento Operário

    MRT (Brasil)

  • LOR-CI (Bolivia) Bolivia Liga Obrera Revolucionaria - Cuarta Internacional Palabra Obrera Abril-Mayo Año 2014 

Ante la entrega de nuestros sindicatos al gobierno

1° de Mayo

Reagrupar y defender la independencia política de los trabajadores Abril-Mayo de 2014 Por derecha y por izquierda

La proimperialista Ley Minera del MAS en la picota

    LOR-CI (Bolivia)

  • PTR (Chile) chile Partido de Trabajadores Revolucionarios Clase contra Clase 

En las recientes elecciones presidenciales, Bachelet alcanzó el 47% de los votos, y Matthei el 25%: deberán pasar a segunda vuelta. La participación electoral fue de solo el 50%. La votación de Bachelet, representa apenas el 22% del total de votantes. 

¿Pero se podrá avanzar en las reformas (cosméticas) anunciadas en su programa? Y en caso de poder hacerlo, ¿serán tales como se esperan en “la calle”? Editorial El Gobierno, el Parlamento y la calle

    PTR (Chile)

  • RIO (Alemania) RIO (Alemania) Revolutionäre Internationalistische Organisation Klasse gegen Klasse 

Nieder mit der EU des Kapitals!

Die Europäische Union präsentiert sich als Vereinigung Europas. Doch diese imperialistische Allianz hilft dem deutschen Kapital, andere Teile Europas und der Welt zu unterwerfen. MarxistInnen kämpfen für die Vereinigten Sozialistischen Staaten von Europa! 

Widerstand im Spanischen Staat 

Am 15. Mai 2011 begannen Jugendliche im Spanischen Staat, öffentliche Plätze zu besetzen. Drei Jahre später, am 22. März 2014, demonstrierten Hunderttausende in Madrid. Was hat sich in diesen drei Jahren verändert? Editorial Nieder mit der EU des Kapitals!

    RIO (Alemania)

  • Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica) Costa Rica LRS En Clave Revolucionaria Noviembre Año 2013 N° 25 

Los cuatro años de gobierno de Laura Chinchilla han estado marcados por la retórica “nacionalista” en relación a Nicaragua: en la primera parte de su mandato prácticamente todo su “plan de gobierno” se centró en la “defensa” de la llamada Isla Calero, para posteriormente, en la etapa final de su administración, centrar su discurso en la “defensa” del conjunto de la provincia de Guanacaste que reclama el gobierno de Daniel Ortega como propia. Solo los abundantes escándalos de corrupción, relacionados con la Autopista San José-Caldera, los casos de ministros que no pagaban impuestos, así como el robo a mansalva durante los trabajos de construcción de la Trocha Fronteriza 1856 le pusieron límite a la retórica del equipo de gobierno, que claramente apostó a rivalizar con el vecino país del norte para encubrir sus negocios al amparo del Estado. martes, 19 de noviembre de 2013 Chovinismo y militarismo en Costa Rica bajo el paraguas del conflicto fronterizo con Nicaragua

    Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica)

  • Grupo de la FT-CI (Uruguay) Uruguay Grupo de la FT-CI Estrategia Revolucionaria 

El año que termina estuvo signado por la mayor conflictividad laboral en más de 15 años. Si bien finalmente la mayoría de los grupos en la negociación salarial parecen llegar a un acuerdo (aún falta cerrar metalúrgicos y otros menos importantes), los mismos son un buen final para el gobierno, ya que, gracias a sus maniobras (y las de la burocracia sindical) pudieron encausar la discusión dentro de los marcos del tope salarial estipulado por el Poder Ejecutivo, utilizando la movilización controlada en los marcos salariales como factor de presión ante las patronales más duras que pujaban por el “0%” de aumento. Entre la lucha de clases, la represión, y las discusiones de los de arriba Construyamos una alternativa revolucionaria para los trabajadores y la juventud

    Grupo de la FT-CI (Uruguay)