FT-CI

A quatro anos da invasão do Iraque

Os resultados da invasão até o momento

03/04/2007

Em março de 2003 Bush anunciou num discurso carregado de tons messiânicos que iniciava naquele momento a assassina ofensiva sobre o Iraque e seu povo. Naquele momento, o presidente norte-americano se baseava na superioridade militar de seu exército para assegurar uma vitória relativamente rápida. O objetivo de fundo era disciplinar as potências rivais buscando pela força a reversão do processo de decadência história do imperialismo norte-americano, de maneira a garantir que o século XXI fosse um novo século ianque, e de quebra redefinir as vias de dominação sobre o Oriente Médio e, sobretudo dos recursos energéticos do Iraque.

Quatro anos mais tarde com um saldo de cerca de 34 mil iraquianos mortos além de 3.200 soldados norte-americanos, e de um gasto de mais de US$ 378 bilhões (US$ 183.000 dólares por minuto), o resultado desta ofensiva por fora da correlação de forças é evidentemente um desastre de proporções históricas para os interesses do imperialismo. Como afirma o jornal imperialista britânico The Economist: “Deveria servir como exemplo de como construir a democracia no Oriente Médio, mas terminou sendo uma amostra de como arruinar um país. Deveria ser um aviso para os regimes radicais como os da Síria e do Irã. Deveria confrontar o extremismo islà¢mico na sua fonte, mas intensificou o jihad global. Deveria ser uma demonstração do poder global dos EUA, mas terminou debilitado militarmente pela insurgência”. Finaliza com uma afirmação incontestável: “O debate não é mais sobre como obter a ‘vitória’ no Iraque, mas como colocar limites ás perdas dos EUA”. Para além da demagogia de “levar a democracia” ao Oriente Médio, com a qual o The Economist sempre pactuou como justificativa para o banho de sangue promovido pelo imperialismo na região, o fato de um dos veículos mais tradicionais do imperialismo britânico expor de maneira tão clara a falência da guerra do Iraque é uma mostra das proporções do estrago.

Dentre as principais conseqüências desta ofensiva do imperialismo norte-americano constam: a aceleração de sua decadência histórica como potência hegemônica, o fortalecimento de potências regionais de retórica anti norte-americana como o Irã no Oriente Médio e da Venezuela na América Latina, que buscam ampliar sua influência nestas regiões, e o conseqüente debilitamento dos aliados tradicionais dos EUA, uma das maiores taxas de desaprovação que um presidente já teve na história daquele país, hoje apenas 29% dos norte-americanos apóiam Bush. Mas apesar destes importantes elementos de desgaste se fazerem cada vez mais sentidos, o que tem obrigado o imperialismo inclusive a abrir um diálogo com o Irã sobre o futuro do Iraque, Bush continua defendendo sua política original, como o demonstra a requisição para o envio de mais 21.500 soldados ao Iraque, o que pode acelerar ainda mais as contradições abertas nos EUA.

Esta posição de Bush encontra-se respaldada pela própria política do Partido Democrata, que apesar de ter sido eleito fruto do repúdio da população ã guerra do Iraque e ser maioria no congresso, tem mostrado que mantém acordo fundamental com a política dos republicanos, para além das diferenças e matizes existentes hoje. Prova disso é o apoio que deram a várias políticas reacionárias de Bush, como a autorização ã própria guerra do Iraque e do Afeganistão, o apoio ã construção do muro na fronteira entre os EUA e o México (do qual Hillary Clinton, presidenciável democrata é defensora entusiasmada), além de setores deste partido terem votado em favor da lei que legaliza a tortura nos interrogatórios. Neste sentido, a própria ilusão que a população norte-americana mantém no Partido Democrata pode sofrer algum desgaste na medida em que se torne mais evidente que aqueles não podem dar uma resposta de fundo aos anseios de acabar com a guerra.

Manifestações anti-guerra: é necessária uma perspectiva independente

Foi neste cenário político que entre os dias 17 e 18 de março milhares de pessoas vindas de mais de 150 cidades marcharam em Washington contra a guerra do Iraque, lembrando os massivos atos que em 1967 aconteceram no mesmo local contra a guerra do Vietnã. Outros atos aconteceram pelo país, como em Nova York e Los Angeles. “É o 40o aniversário da manifestação contra a guerra do Vietnã, que mudou o curso dos acontecimentos e esperamos poder fazer o mesmo hoje”, disse Alan Pugh, 27 anos, de Cleveland (Ohio, norte), estudante. Os manifestantes levavam cartazes pedindo o fim da guerra, e alguns o impeachment de Bush. Durante o ato do dia 17 em Washington foram presas 222 pessoas. Este movimento já havia dado mostras de ressurgir no início do ano quando cerca de 100.000 pessoas se mobilizaram em janeiro. Estes atos nos EUA se combinaram a marchas em cidades de diversos países, dentre os quais em Londres na Inglaterra, Madri na Espanha e Atenas na Grécia, e ao recentemente ocorrido em Vicenza na Itália que mergulhou o governo do presidente Prodi numa grande crise.

Apesar de ser um elemento fundamental na presente situação política norte-americana, o movimento anti-guerra ainda atua baseado em imensas ilusões nos democratas, mantendo a lógica de pressionar o Congresso para obter a saída das tropas do Iraque. É necessário que o movimento anti-guerra atue de maneira independente, já que como dissemos acima os democratas integram e defendem os interesses da mesma burguesia imperialista levando ã frente uma política reacionária. Neste sentido, é preciso que os trabalhadores norte-americanos tomem a frente das ações anti-guerra, arrastando a comunidade negra, a juventude, e os latinos e imigrantes que no ano passado se levantaram em imensas mobilizações, pois são estes os que atuando de maneira independente podem golpear o imperialismo, tanto internamente, quanto brecar a política assassina que tem custado a vida do povo iraquiano e afegão. É nesta perspectiva que nós, como revolucionários, apostamos.

— 

NOTAS

1 Dado não reconhecido oficialmente, fornecido pela ONG britânica Iraq Body Count.

2 The Economist, 18/03/2007.

3 O imperialismo realizou há algumas semanas

4 Declaração dada ã agência de notícia AFP - 18/03/2007

5 Esta crise se abriu no final de fevereiro quando o presidente italiano Prodi se negou a rever a política de manutenção das tropas italianas no Afeganistão. Isto levou a uma ampla mobilização popular contrária a esta posição, o que fez com Prodi tivesse apresentado um pedido de renúncia, que lhe foi negado.

  • TAGS
Notas relacionadas

No hay comentarios a esta nota

Periodicos

  • PTS (Argentina)

  • Actualidad Nacional

    MTS (México)

  • EDITORIAL

    LTS (Venezuela)

  • DOSSIER : Leur démocratie et la nôtre

    CCR NPA (Francia)

  • ContraCorriente Nro42 Suplemento Especial

    Clase contra Clase (Estado Español)

  • Movimento Operário

    MRT (Brasil)

  • LOR-CI (Bolivia) Bolivia Liga Obrera Revolucionaria - Cuarta Internacional Palabra Obrera Abril-Mayo Año 2014 

Ante la entrega de nuestros sindicatos al gobierno

1° de Mayo

Reagrupar y defender la independencia política de los trabajadores Abril-Mayo de 2014 Por derecha y por izquierda

La proimperialista Ley Minera del MAS en la picota

    LOR-CI (Bolivia)

  • PTR (Chile) chile Partido de Trabajadores Revolucionarios Clase contra Clase 

En las recientes elecciones presidenciales, Bachelet alcanzó el 47% de los votos, y Matthei el 25%: deberán pasar a segunda vuelta. La participación electoral fue de solo el 50%. La votación de Bachelet, representa apenas el 22% del total de votantes. 

¿Pero se podrá avanzar en las reformas (cosméticas) anunciadas en su programa? Y en caso de poder hacerlo, ¿serán tales como se esperan en “la calle”? Editorial El Gobierno, el Parlamento y la calle

    PTR (Chile)

  • RIO (Alemania) RIO (Alemania) Revolutionäre Internationalistische Organisation Klasse gegen Klasse 

Nieder mit der EU des Kapitals!

Die Europäische Union präsentiert sich als Vereinigung Europas. Doch diese imperialistische Allianz hilft dem deutschen Kapital, andere Teile Europas und der Welt zu unterwerfen. MarxistInnen kämpfen für die Vereinigten Sozialistischen Staaten von Europa! 

Widerstand im Spanischen Staat 

Am 15. Mai 2011 begannen Jugendliche im Spanischen Staat, öffentliche Plätze zu besetzen. Drei Jahre später, am 22. März 2014, demonstrierten Hunderttausende in Madrid. Was hat sich in diesen drei Jahren verändert? Editorial Nieder mit der EU des Kapitals!

    RIO (Alemania)

  • Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica) Costa Rica LRS En Clave Revolucionaria Noviembre Año 2013 N° 25 

Los cuatro años de gobierno de Laura Chinchilla han estado marcados por la retórica “nacionalista” en relación a Nicaragua: en la primera parte de su mandato prácticamente todo su “plan de gobierno” se centró en la “defensa” de la llamada Isla Calero, para posteriormente, en la etapa final de su administración, centrar su discurso en la “defensa” del conjunto de la provincia de Guanacaste que reclama el gobierno de Daniel Ortega como propia. Solo los abundantes escándalos de corrupción, relacionados con la Autopista San José-Caldera, los casos de ministros que no pagaban impuestos, así como el robo a mansalva durante los trabajos de construcción de la Trocha Fronteriza 1856 le pusieron límite a la retórica del equipo de gobierno, que claramente apostó a rivalizar con el vecino país del norte para encubrir sus negocios al amparo del Estado. martes, 19 de noviembre de 2013 Chovinismo y militarismo en Costa Rica bajo el paraguas del conflicto fronterizo con Nicaragua

    Liga de la Revolución Socialista (LRS - Costa Rica)

  • Grupo de la FT-CI (Uruguay) Uruguay Grupo de la FT-CI Estrategia Revolucionaria 

El año que termina estuvo signado por la mayor conflictividad laboral en más de 15 años. Si bien finalmente la mayoría de los grupos en la negociación salarial parecen llegar a un acuerdo (aún falta cerrar metalúrgicos y otros menos importantes), los mismos son un buen final para el gobierno, ya que, gracias a sus maniobras (y las de la burocracia sindical) pudieron encausar la discusión dentro de los marcos del tope salarial estipulado por el Poder Ejecutivo, utilizando la movilización controlada en los marcos salariales como factor de presión ante las patronales más duras que pujaban por el “0%” de aumento. Entre la lucha de clases, la represión, y las discusiones de los de arriba Construyamos una alternativa revolucionaria para los trabajadores y la juventud

    Grupo de la FT-CI (Uruguay)