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Jornal Palavra Operária: Editorial

Não deixemos Alckmin e Rodas calar este exemplo punindo os 73!

27/11/2011

A ação dos estudantes da USP abriu uma grande discussão nacional sobre a polícia, sobre as universidades e sobre o movimento estudantil. Sua luta ofuscou os debates nacionais tão proeminentes como a iminente queda do outrora todo-poderoso ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), homem forte da segunda maior central sindical do país, a Força Sindical. A concomitante invasão da Rocinha por quase 4 mil homens armados também aumentou a contraposição entre um clima nacional todo ordeiro pró-polícia e a corajosa postura contra a corrente dos estudantes da USP que questionam a polícia na universidade, contando inclusive com um setor estudantil que também questiona a polícia que reprime e assassina nos bairros, morros e favelas.

Cada TV, jornal, revista brasileira, começando pelas mais reacionárias, clamou pela prisão e porrada aos “baderneiros”, “bandidos” e outros substantivos amáveis que elas costumam reservar aos sem-terra, sem-teto e todos os que não aceitam esta ordem exploradora, esse estado de coisas. Também não faltaram tentativas por parte do governo Alckmin (PSDB), da reitoria e infelizmente em incriminar os manifestantes nestas duas primeiras fases do conflito, antes das prisões e a entrada da greve (a primeira, a resistência ã prisão de três estudantes e ocupação da FFLCH; a segunda, a ocupação da reitoria e o início de massificação do conflito). Mesmo diante da reacionária campanha da reitoria, do governo e da imprensa contra os estudantes, correntes importantes na USP, como PSOL e PSTU, fizeram coro e deram munição a esses ataques que buscavam isolar a vanguarda estudantil para derrotá-la com o discurso de “minoria radical”.

Todo o maccartismo (caça ás bruxas) contra os estudantes e as organizações políticas participantes, e em grande medida especialmente ã LER-QI, tinha uma razão de existência: os estudantes da USP colocaram um desafio importante ao projeto de país em curso, de um país-potência pacificado com botas policiais pisando em corpos negros e silenciado dos protestos contra as persistentes desigualdades sociais, tudo composto num clima social de estabilidade econômica, consumismo, conformismo e individualismo.

Nós da Liga Estratégia Revolucionária encaramos a atual batalha na USP como parte de uma guerra muito superior. A guerra em curso com maior agudez em países do mediterrâneo europeu e africano, e também em nossos vizinhos Chile e Colômbia, é uma guerra entre duas perspectivas de classe e estratégicas opostas. Por um lado, transformar as universidades em um cemitério da vida e das idéias, privatizadas e elitizadas para atender aos interesses econômicos e políticos (de hegemonia) de uma burguesia submissa aos interesses imperialistas e desafiada pela maior crise econômica desde os anos 30, ou, por outro, fazer das universidades barricadas de conhecimento e militância para o questionamento do conjunto da exploração capitalista, na perspectiva de uma universidade democrática, aberta ás massas, onde o conhecimento esteja voltado aos interesses da maioria e da nação. Os mais conscientes e reacionários articulistas como Reinaldo de Azevedo, da Veja, expressaram muito bem esta dicotomia histórica e política que estará crescentemente posta em nossas terras: estudantes submissos, obedientes e policialescos, ditos “modernos” e privatistas como a direita eleita na UnB, ou “arcaicos”, rebeldes e ligados ao espírito combativo e revolucionário de 1968 como os estudantes da USP. De nossa parte, aceitamos essa diferenciação. Queremos ser como os estudantes de 1968, na perspectiva de superá-los, começando por recriar em grande escala uma de suas máximas: do questionamento da universidade de classes ao questionamento da sociedade de classes.

Encaramos a atual batalha como parte desta guerra superior e que hoje passa pela prioridade em lutar pela retirada dos inquéritos ilegais contra os 73 presos políticos da USP. A repressão aos 73 estudantes e trabalhadores da USP, que seguiam a resolução de seu sindicato (Sintusp), solidário à luta estudantil, é um passo que um setor da burguesia quer dar contra o conjunto do movimento de massas. Setores tucanos e afins em São Paulo querem mostrar como tratar não só os estudantes mas fundamentalmente os trabalhadores, os sem-terra, os sem-teto, criminalizando os que lutam enquanto fecham os olhos aos assassinatos no campo, ameaças de morte aos lutadores da Unir (Universidade Federal de Rondônia), chacinas policiais e ataques de grupos nazi-fascistas herdeiros da ditadura militar. Para essa burguesia que vive de joelhos diante dos amos imperialistas, a juventude combativa e radical da USP deve ser punida exemplarmente para não incomodar os negócios capitalistas, os lucros extraordinários com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Nesse projeto estratégico contam com o governo Dilma, o PT e o PCdoB como aliados, que portanto devem ser responsabilizados pela desenfreada criminalização dos lutadores sustentada pela impunidade aos políticos corruptos e aos agentes civis, policiais e militares da ditadura militar.

É preciso colocar de pé uma ativa campanha unificada e democrática em defesa da retirada dos inquéritos ilegais aos 73 presos políticos da USP. O primeiro passo para isto exige que as principais organizações políticas do movimento estudantil da USP, o PSOL e o PSTU, saiamí de seu jogo mesquinho da pequena luta política (fracionalismo, intrigas e calúnias) contra os estudantes combativos e determinados para cumprirem as resoluções aprovadas nas grandes assembleias que exigem a defesa dos 73 – começando pelo respeito elementar do DCE (PSOL) em publicizar e fazer cumprir o que for de fato votado.

O que está em jogo, como bem apontaram diversos renomados intelectuais em artigo de opinião na Folha de São Paulo (“USP: privatização e militarização”), não são somente as punições destes 73 mas todo um projeto de privatização da universidade que exige sua militarização, com a consequente perseguição, espionagem e impedimento das manifestações políticas. O ataque aos 73 presos políticos da USP, assim como os processos administrativos abertos contra trabalhadores e estudantes e a inconstitucional demissão do dirigente sindical Claudionor Brandão são funcionais ã elitização cada vez maior da USP, na estratégia de transformá-la em “centro de excelência” para poucos e a serviço dos negócios de grandes grupos capitalistas monopólicos, ou seja, um projeto contra os interesses da maioria e do país. Como mostram também estes intelectuais a batalha pela retirada dos inquéritos dos 73 presos é parte de uma guerra superior contra este projeto tucano que Rodas aplica com os métodos da ditadura militar, a quem serviu e continua servindo, impondo a PM e a repressão na universidade. Lutar contra a PM na USP é um grande passo em defesa de uma universidade democrática, com acesso livre a todo o povo trabalhador, sem vestibular, e uma posição a conquistar para que os trabalhadores, negros e negras e os lutadores sociais encontrem uma voz forte contra os desmandos, perseguição, repressão e assassinatos impetrados pelas polícias e seus agentes para-estatais nos bairros, morros e favelas de todo o país.

O que Rodas, Alckmin e um setor da burguesia conseguirem impor contra estudantes da USP será uma arma contra o movimento de massas em todo o país. Cada organização democrática e popular, principalmente as organizações de esquerda, precisam colocar-se ativamente em defesa da anulação dos inquéritos ilegais contra os 73 presos políticos da USP, seguindo o exemplo de importantes professores e personalidades como Francisco de Oliveira, Lincon Secco, Francisco Alambert, Jorge Grespan, Luiz Renato Martins e Marcos Soares.

Uma vanguarda que soube estar na contra corrente. Fortalecer e nacionalizá-la como direção consciente de um movimento estudantil revolucionário

Esta luta, muito superior, para construir um movimento estudantil que seja radical, massivo, democrático e tribuno de quem está fora das universidades exigirá forças centuplicadas, uma vanguarda consciente, revolucionária, em todo o país. É para contribuir neste projeto que a LER-QI dedica suas forças. Chamamos os estudantes e jovens que vivenciaram este processo aberto na USP e têm acordo com nosso programa de ação a darem um passo adiante para construirmos uma grande juventude combativa, classista, anticapitalista e anti-imperialista para continuar os combates em defesa da anulação dos inquéritos contra os 73 presos políticos da USP, pelo Fora PM da USP, bairros, morros e favelas, pela defesa dos terceirizados e sua efetivação com salários e direitos iguais, solidariedade incondicional a todos que lutam no campo e na cidade contra esse sistema de miséria, exploração e opressão. Venha conosco construir a Juventude As Ruas, que reúne militantes da LER-QI e independentes.

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