Brasil: Volkswagen
A greve freia as demissões
14/09/2006
Por: Isabel Infanta
No coração industrial do Brasil, o ABC paulista, os operários metalúrgicos da fábrica da Volkswagen da Anchieta, a maior produtora de veículos deste país, se enfrentam a um duríssimo plano de reestruturação da patronal, que pretende despedir 3.600 dos 12.400 operários e eliminar direitos trabalhistas para melhorar sua “competitividade” e atrair investimentos. Esta voraz empresa alemã ameaça fechar a fábrica e mais de 6.000 demissões se os trabalhadores não aceitarem o nefasto plano.
Ante a ameaça de fechamento, Lula decidiu suspender um empréstimo de 497 milhões de reais para a VW até terminem as negociações. Deixando claro que a medida nada tinha a ver com as demissões, o ministro do Trabalho Luiz Marinho esclareceu que não tinha sentido dar um empréstimo a uma empresa que está para fechar. Uma vez mais, a candidata presidencial pela Frente de Esquerda (PSOL, PSTU, PCB), Heloísa Helena, mostrou uma vez mais sua política de colaboração de classes colocando que “acredito ser uma decisão equivocada (...) Se existem problemas de determinados setores produtivos, o BNDES tem a obrigação de possibilitar o empréstimo com cláusulas sociais que são importantes” (Folhaonline 30/08/2006).
No dia 29/8 a empresa distribuiu 1.800 cartas de demissão, desatando a imediata reação ao redor de 10 mil trabalhadores que, reunidos em assembléia, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. Se paralisaram as linhas de produção, e apesar da tentativa da burocracia sindical de flexibilizar a medida de força. Os trabalhadores impuseram a paralisação total. O conflito repercutiu nas outras plantas da empresa, despertando a solidariedade de seus companheiros e afetando de fato a entrega de partes para sua produção, o que obrigou a patronal a dar folga nas outras plantas, multiplicando o efeito da greve.
No dia 4/9 a empresa decidiu suspender as 1.800 demissões, conseguindo uma trégua dos trabalhadores até 12/9, quando realizarão uma nova assembléia. Ainda que aclarou que suspender as demissões não significa desistir do plano de reestruturação, a empresa teve que retroceder ante a determinação dos trabalhadores, ficando numa situação complicada em relação ás futuras negociações, entre a perspectiva de endurecimento das medidas de luta e a de ter que propor o fundamental de seu plano para o próximo ano.
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