CONGRESSO DE FUNDAÇÃO DO PARTIDO DOS TRABALHADORES
Completar a fundação do partido nas ruas com a COB e contra o governo
13/03/2013
Por LOR-CI, Bolívia
Em Huanuni, nos dias 7 e 8 de março, com a presença de mais de 1300 credenciados de aproximadamente 100 organizações participantes, se realizou o Congresso de fundação do Partido dos Trabalhadores convocado pela COB (Central Operária Boliviana) em cumprimento das resoluções do XV Congresso ordinário de Tarija e do XXXI Congresso da FSTMB (Federação Sindical dos Trabalhadores Mineiros da Bolívia).
O Congresso aprovou a declaração de princípios e programa do governo, sobre a base da fusão de dois documentos: o primeiro elaborado pela comissão política da COB e o segundo apresentado pelo Sindicato de Huanuni. Também foram aprovados os estatutos do Partido dos Trabalhadores. Este Congresso deu um primeiro passo no caminho de que os trabalhadores e suas organizações intervenham na política para defender e lutar pelos interesses dos trabalhadores e do povo, para enfrentar a direita oligárquica, transnacional e burguesa, assim como as políticas anti-operárias e pró-empresariais do governo do MAS. Demandas como a recuperação da agenda de outubro, pela nacionalização sem indenização dos hidrocarbonetos, da mineração e do conjunto dos recursos naturais, a expropriação do latifúndio, a nacionalização do sistema bancário, e a abertura dos livros de contabilidade das empresas e o controle operário coletivo fazem parte do plano de governo do PT.
A resposta negativa ás reivindicações da COB por parte do MAS e o início da luta por salário de milhares de trabalhadores será a oportunidade para que a direção transitória do partido coloque em marcha a unidade da luta econômica com a luta política completado desta forma a fundação do partido nas ruas, como um partido de combate e de luta junto ã COB.
Uma importante luta política
O Congresso foi antecedido por um forte e importante luta política no interior dos sindicatos e de todas as organizações onde a burocracia do MAS, ocultando a convocatória ao congresso, se negou a impulsionar assembléias de base e finalmente se apresentaram no Congresso com o objetivo de moderar os documentos ou buscando fazer com que fracassasse o evento. Esta luta política também se desenvolveu durante o congresso, onde o MAS buscou impedir que os dirigentes sindicais, assim com a esquerda operária e socialista, ocupasse posições chave na direção, tentando desta forma debilitar o surgimento do PT. A luta travada em torno do artigo 39 que garantia expressamente a presença de correntes políticas no interior do PT mostrou a vontade de Trujillo e o MAS de construir um partido não das bases mas da burocracia. Este ataque no entanto não pode eliminar o conjunto de cláusulas democráticas e de independência de classe tanto da declaração de princípios e do conjunto dos documentos, o que faz com que os mesmos contenham importantes pontos de apoio para a luta e a organização dos trabalhadores de base. Lamentavelmente o abstencionismo e a capitulação do POR (que se apresentou e inscreveu dois dirigentes no congresso) impediu, assim como a burocracia do MAS, que os trabalhadores das federações que dirigem assistissem e lutassem, abandonando a luta política sem dizer uma palavra, facilitando o trabalho de Trujillo e do MAS que não tiveram que enfrentar os delegados do magistério urbano nacional (PCB) e tão pouco as federações dirigidas pelo POR.
Nenhuma confiança na direção transitória: exigir que encabecemos a luta junto ã COB pelas demandas operárias!
A aparição de uma declaração impulsionada pelos traidores do PCB e do MAS aos trabalhadores, assinada pela CTEUB, AASANA, COR-EL Alto entre outras, facilitou a operação da burocracia sindical nas últimas horas de girar ã direita a discussão sobre a direção, impedindo que membros da CEN da COB ou de algumas organizações façam parte da direção do PT, mediante a chantagem de “que a COB vai embora”, empurrando setores de esquerda a se disciplinar diante de Trujillo e seus amigos. A resolução do Congresso em relação ã direção nacional, foi estabelecer uma direção transitória formada por 11 organizações sindicais nacionais quem deveriam iniciar de imediato os trâmites legais para o reconhecimento do PT pela corte eleitoral assim como convocar e preparar um novo encontro de trabalhadores que deve eleger a direção nacional formada por 44 membros e dois secretários gerais no prazo máximo de um mês. Esta resolução deixou em evidencia que os dirigentes que sabotaram a convocatória ao congresso, que se negaram a levar adiante assembléias de base, como setores da COD Cochabamba, hoje se encontram ã frente do PT. Por este motivo e diante do perigo real de que esta direção boicote o surgimento do PT desde a LOR-CI chamamos aos trabalhadores de base a não depositar nenhuma confiança nesta direção e a exigir que em primeiro lugar o Partido dos Trabalhadores ocupe um lugar destacado na luta pelo cumprimento das reivindicações da COB rechaçadas pelo governo. Para impedir o surgimento de um partido meramente eleitoralista é necessário avançar em completar o trabalho do Congresso terminando de fundar o partido nas ruas junto aos trabalhadores das fábricas, os mineiros e todas as organizações da COB. Devemos exigir a publicação e difusão de todos os documentos aprovados, e impedir que os mesmos sejam reescritos pelas costas dos trabalhadores e do próprio congresso. É preciso impedir que este primeiro e importante passo dado no sentido da independência política dos trabalhadores seja sabotado por dentro pela burocracia sindical.
Para esta tarefa, desde a LOR-CI consideramos que é vital tirar conclusões destas primeiras experiências no desenvolvimento do partido, onde fica em evidencia que somente com uma sólida e profunda disposição a lutar pela independência política da classe trabalhadora em relação ao estado, ao governo, suas instituições repressivas (polícia, exército e igrejas) como partidos e organizações empresariais e latifundiárias, confiando somente nas próprias forças dos trabalhadores explorados e oprimidos que pode garantir o cumprimento das aspirações políticas de que este partido seja um verdadeiro instrumento de luta e organização.
LOR-CI (Liga Obrera Revolucionaria – Cuarta Internacional)