México
Frear o ataque contra os trabalhadores e o povo
09/07/2008
Nós, os trabalhadores e o povo do México presenciamos novas tentativas de acabarem com nossas conquistas, enquanto a carestia da vida aumenta, sob o ataque que significa a inflação dos preços da cesta básica, dos serviços e do transporte.
O governo está decidido a entregar o petróleo em benefício das grandes empresas transnacionais norte-americanas e européias. É por isso que Calderón viajou recentemente ã Espanha, onde convocou os empresários ibéricos a investir no México, o que na realidade é um chamado para que «iniciem» a privatização da PEMEX. Nós trabalhadores não devemos nos enganar com os discursos privatizantes que nos dizem que estão buscando a «modernização» da indústria petroleira. O que pretendem é entregar o acesso ás fontes de combustíveis aos imperialistas, em uma negociação em que o que estes «investirão» não será nada comparado com o que obterão nos próximos anos, e onde aproveitarão a infra-estrutura financiada previamente pelo estado mexicano. O «debate» do Senado está a serviço destes planos, uma verdadeira farsa contra os trabalhadores e o povo, no qual de antemão está decidido o quê o governo e o Congresso tentarão impor contra os interesses populares.
Inflação e carestia contra os trabalhadores
Enquanto isso, as conseqüências da convulsiva situação que atravessa a economia capitalista internacional são sentidas fortemente no bolso dos trabalhadores. O aumento dos preços internacionais dos alimentos básicos impacta e provoca uma inflação dos produtos da cesta básica, que nos últimos meses aumentaram entre 50% e 70%. Enquanto as grandes transnacionais são as responsáveis diretas desse incremento internacional dos preços, as grandes empresas de produção e comercialização que atuam no mercado nacional são as que provocam uma dura escalada inflacionária. Os capitalistas não só não perdem nada, como obtêm maiores lucros, já que os salários continuam no nível anterior. Tudo isto é feito com o aval e a proteção deste governo dos/para empresários. Isso é o que mostra o anúncio de Calderón de que será controlado o preço de alguns produtos, sem incluir os que integram a canastra básica dos trabalhadores.
Tetos salariais e militarização
Esta situação se dá enquanto os tetos salariais são mantidos, defendidos ã morte por Javier Lozano, Secretário do Trabalho, quem cinicamente declarou que um aumento de emergência atiçaria a inflação e que era preciso «aumentar a produtividade». É uma armadilha contra os trabalhadores afirmar que um aumento salarial provoque maior inflação, quando esta é provocada pelo aumento dos preços internacionais e pela voracidade das transnacionais. Esta mentira quer ocultar que os salários estancados garantem os lucros capitalistas; e agora Lozano pretende aumentar a produtividade (ou seja, a exploração) para beneficiar ainda mais os empresários! A antidemocracia é mantida a serviço deste ataque; como se vê no debate preparado no Senado e na militarização em vários estados, com a desculpa do «combate ao narcotráfico». Calderón e as instituições deste regime estão longe da mais elementar democracia, e mostram uma e outra vez que são as garantias do ataque que pulverizam o salário e preparam a entrega ás transnacionais.
Lutar contra os planos de Calderón
Como dissemos em outras edições do periódico, setores de trabalhadores realizaram importantes lutas contra o governo, como os mineiros e o magistério da CNTE, que realizou plantões, mobilizações e paralisações em diversos estados.
Hoje, uma tarefa fundamental é unificar os setores em luta, e incorporar os sindicatos e organizações populares que pretendem enfrentar a entrega da PEMEX e a ofensiva do governo e dos capitalistas. Isto se tornaria real se a CNTE, junto a SME e aos sindicatos da UNT, convocassem um grande Encontro de Trabalhadores. Nesse encontro - que poderia ser realizado com delegados eleitos desde as bases e com mandato - poderíamos discutir como retomar a mobilização para torcer o braço do governo e preparar a greve nacional contra a entrega da PEMEX, incorporando os trabalhadores petroleiros e os sindicatos controlados pelo charrismo da CTM. Desde a LTS proporíamos que a greve nacional retome a consigna de renacionalização sem indenização de todas as áreas concedidas ao capital privado, e de controle dos trabalhadores de toda a indústria petroleira.
Ao mesmo tempo, nós socialistas revolucionários consideramos que é fundamental que os trabalhadores e os sindicatos discutam e impulsionem um programa para que os capitalistas paguem a crise.
Uma medida elementar para preservar as condições de vida das massas populares é o congelamento de preços, sob o controle das organizações operárias e populares, garantindo o acesso ã cesta básica para o conjunto da população, e expropriando as empresas produtoras e as lojas que especulem ou aumentem os preços, e colocando-as nas mãos de seus trabalhadores.
Junto a isto, lutar por um aumento salarial de emergência que cubra uma canastra básica, cujo conteúdo seja fixado pelos sindicatos e instituições como a Universidad Obrera, a qual deveria acompanhar a implementação de uma escala móvel de salários de acordo com a inflação.
Ao mesmo tempo, frente ao câncer do desemprego que extermina a força da classe operária e impede o seu direito elementar de trabalhar, os sindicatos têm a obrigação de lutar pela repartição das horas de trabalho entre empregados e desempregados, com um salário digno, combinando com a exigência de um plano de obras públicas, sob a fiscalização e controle das organizações operárias. E, diante das demissões e fechamentos que a patronal possa ensaiar, é essencial lutar pela expropriação e/ou reabertura de toda fábrica ou centro de trabalho que feche ou demita, sem indenização e sob controle operário.
Isto é um programa elementar que qualquer organização que diga defender os trabalhadores deveria levantar, e que é o único caminho realista para preservar a mesma existência dos trabalhadores e do povo.
A preparação da greve nacional deve ser acompanhada de um programa como este, para que paguem a crise aqueles que a provocaram e são os responsáveis diretos da alta dos preços e da miséria dos trabalhadores: os capitalistas.
Traduzido por Luciana Machado