Argentina: segue a luta dos professores
Kirchner envia a gendarmaria a Santa Cruz
28/04/2007 La Verdad Obrera N° 231
Kirchner com a gendarmaria em Santa Cruz. A Praça de Maio com os trabalhadores
Já não podem esconder, ainda que anulem as absolvições de Menen aos velhos genocidas Videla e Massera. É a primeira vez que, com tanta nitidez, o governo Kirchner é desmascarado enfrentando as lutas dos trabalhadores. A onda de greves de professores e servidores estatais, que agora tem seu epicentro no estado do presidente, mas também continua em Neuquen e se estende na Patagônia com a paralisação de 72 horas na Terra do Fogo, estão mostrando abertamente o lado obscuro do discurso oficial duplo.
Kirchner assinou um pacto com Moyano e Barrionuevo para colocar um teto de 16,5% aos aumentos salariais, como forma de levantar um muro de contenção ao possível contágio nos trabalhadores das associações dos serviços e da indústria. No caso dos servidores estatais, o acordo da UPCN significou terminar a discussão das comissões paritárias entre os patrões e trabalhadores, as “paritarias”, antes que começassem, assim como mantêm fechadas as “paritarias” em Santa Cruz desde que Kirchner foi governador de Menem e Cavallo. Alberto Fernández - chefe de Gabiente e da tão lembrada operação de Tuta Muhamad contra os trabalhadores do Hospital Francês -, disse aos professores de Santa Cruz que “parem de paralisar” e que o governo não aceita negociar “se mantêm a disputa de força”, algo que nem Sobisch coloca como condição em Neuquen.
Ao direito de greve se chama de “extorsão” na linguagem do “governo dos direitos humanos”, que ao mesmo tempo acaba de mandar os aviões Hércules com 200 policiais a mais contra os trabalhadores de Santa Cruz. Para completar o quadro, enquanto o governador Sancho alerta contra a chegada de “grupos extremistas” ao estado, difundiu que a gendarmaria nacional usa como depósito a sede estadual da Sociedade Rural, mostrando a repressores e oligarcas juntos como na época do tenente coronel Varela mandado por Irigoyen contra a revolta dos peões da Patagônia. Em Neuquen, a “Concertación Plural” do PJ e da UCR impulsionada desde a Rosada, tem um verdadeiro pacto de impunidade com Sobisch, ao que permitem “terminar o mandato” apesar de ser o assassino declarado de Carlos Fuentealba e de que os “bate-pau” do MPN atacam os grevistas e reabrem escolas ã força.
Três propostas para a Praça de Maio
Contra essa frente de ataque a classe trabalhadora, este 1° de maio uma ampla frente única entre os partidos de esquerda e organizações operárias combativas nos concentraremos na Praça de Maio no dia internacional dos trabalhadores. Colocando como central o apoio ás greves de Santa Cruz, Neuquen e Terra do Fogo, estarão presentes representantes dos corpos de delegados, comissões internas e seções sindicais opositoras ás direções da CGT e da CTA, junto a milhares de delegados, ativistas e militantes da esquerda da classe trabalhadora. O PTS foi impulsionador desta iniciativa comum, e propôs as demais organizações que se realizasse um ato com oradores, mas não houve acordo.
Como em atos anteriores, será lido um documento elaborado em conjunto. Por isso, realizaremos previamente um ato do PTS no Obelisco, e logo marcharemos ao ato comum na Praça de Maio. As organizações que participarão do ato na Praça de Maio, o PTS propõe, em primeiro lugar, estender e coordenar o apoio militante ás greves dos professores que estão em dura batalha com o governo, mediante uma campanha em comum coordenada por todas as organizações sindicais combativas e da esquerda: para fazer um grande fundo de greve para os professores de Santa Cruz e de Neuquén, para realizar atos e pronunciamentos em todo movimento operário e estudantil exigindo a retirada da polícia de Santa Cruz, a punição dos responsáveis pelo assassinato de Carlos Fuentealba, a renúncia de Sobisch e o triunfo de todas as demandas dos trabalhadores em luta.
A segunda proposta do PTS é colocar de pé um amplo reagrupamento de todas as organizações combativas e antiburocráticas em uma coordenadora o encontro nacional. Este organismo de coordenação permanente está ao alcance das mãos se se reunirem os corpos de delegados do metrô, dos ferroviários, do Estaleiro do Rio Santiago, as regionais da associação docente opositora a Yasky, as juntas internas dos hospitais como o Garrahan e o Francês, os operários de Zanon e o sindicato ceramista de Neuquen, a oposição classista dos telefônicos, as comissões internas, delegados e ativistas da indústria da alimentação, as gráficas, os metalúrgicos. O documento unitário que será lido na Praça de Maio e apóia a resolução das assembléias dos professores de Neuquen, que reivindicam a renuncia de Yasky desde quando Fuentealba foi fuzilado, é a base para impulsionar um pólo nacional de alternativa a toda burocracia sindical, a da CGT e da CTA, que promova a recuperação para os trabalhadores do corpo de delegados, comissões internas e sindicatos.
Em terceiro lugar, o PTS propõe a todas estas organizações operárias combativas e a esquerda classista, travar juntos uma dura e paciente batalha política pela independência da classe operária. Lamentavelmente, nem toda a esquerda que estará presente na Praça de Maio sustenta esta perspectiva: claramente a CCC-PCR ou os companheiros do MST, alguns colocando a permanente abstenção eleitoral e outros fazendo das campanhas eleitorais sua atividade permanente, promovem acordos de conciliação com setores dos partidos patronais e figuras da centro-esquerda alheias as lutas dos trabalhadores, em frentes ou partidos amplos sem delimitação de classe.
Por isso, ambos foram ao ato organizado pelo governo para que Chávez falasse. Propomos aos que se colocam uma perspectiva classista, abrir o debate para impulsionar uma campanha conjunta dirigida a milhões que começam a fazer experiência com o governo de Kirchner, com a idéia de que os trabalhadores necessitamos nossa própria ferramenta política, que possa inclinar a balança de forças a favor dos explorados, um grande partido levantando um programa no caminho do governo operário e popular. Por essas bandeiras, venha ao ato do PTS ás 14:30 no Obelisco para depois marcha ã Praça de Maio.