NOVA AGRESSÃO DA POlà CIA NA USP
Os estudantes da USP e a juventude pobre e negra na mira da PM (racista e assassina) e da reitoria
10/01/2012
Vídeo mostrando a ação da polícia
A nova ação truculenta da polícia na USP, desta vez mostrando seu racismo mais reacionário ao agredir o estudante Nicolas da EACH por ser negro, explicita diante de toda a sociedade de maneira mais cristalina os motivos de fundo da enorme luta que se desatou na USP no ano passado pelo fim do convênio USP e PM, e pelo Fora PM da USP. Faz cair por terra todo o discurso da mídia e da reitoria de que se tratava de “privilegiados” que queriam fumar maconha e de que a polícia está ali para garantir a segurança, e sim para cumprir o papel que cumpre em toda a sociedade: repressão aos movimentos políticos e em particular a juventude negra.
Em mais uma tentativa frustrada de fechar o espaço de vivência dos estudantes, a reitoria deixa cair a mascara da universidade do “diálogo” que sobe nos rankings internacionais de “excelência” e utiliza-se da força policial e da Guarda Universitária para agredir os estudantes que estavam no local. Desta vez, o desmando da PM, herdeira da ditadura militar, que em São Paulo matou mais que toda a polícia dos Estados Unidos nos últimos 5 anos e colocada na USP graças ao convênio firmado por Rodas, foi flagrada quando um dos policiais, em meio ã desocupação do espaço de vivência sacou sua arma apontando-a para o único estudante negro que estava no local, certo de que não se tratava de um estudante universitário, que foi expulso e espancado por um dos policiais até que apresentasse sua carteirinha de estudante da USP revelando o tratamento cotidiano recebido pela juventude pobre pela PM.
Essa é só mais uma atitude contra o movimento que Rodas e sua polícia tomam durante as férias. O reitor também já tinha eliminado seis estudantes por perseguição política e atacado o espaço histórico do Núcleo de Consciência Negra. Estas ações se somam a ofensiva repressiva de conjunto da reitoria da USP e do governo do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin, que se utilizam de dezenas de processos administrativos e criminais contra os estudantes, diretores do Sintusp, demitindo dirigentes sindicais ilegalmente como ocorreu com Claudionor Brandão, prendendo 73 estudantes e trabalhadores que lutavam pelo Fora PM da USP, ocupando a reitoria.
Exigimos a imediata punição dos policiais envolvidos na operação e responsabilizamos o comandante geral da PM, a reitoria e o governo Alckmin pelo ocorrido, que só vem a fortalecer a necessidade de lutar por uma verdadeira autonomia universitária, colocando abaixo esse convênio USP-PM e expulsando a polícia da USP. Essa ação mostra que não é possível reformar este convênio, pois é uma utopia reacionária achar que é possível controlar o chamado “descontrole” dos policiais, pois esta é a sua norma de atuação. É necessário um amplo movimento democrático para garantir a punição dos culpados e avançar na democratização efetiva da universidade, colocando de pé uma Estatuinte Livre e Soberana, baseada na mobilização e sem burocratas acadêmicos, para colocar abaixo não somente essa estrutura de poder oligárquica e tirar a polícia do campus, mas também reorientar o caráter do conhecimento produzido na universidade para que esteja a serviço dos trabalhadores e do povo pobre e não dos capitalistas como é hoje.
Essa ação é mais uma que quer fazer calar e intimidar o grito que ecoou do movimento da USP de que nossa luta não é uma luta de “privilegiados”, mas que denunciamos a repressão policial ao povo pobre, negro e a juventude. Em meio a uma ofensiva reacionária por parte do governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo, que com o apoio da mídia burguesa vem fazendo uma verdadeira campanha de “limpeza urbana” através da brutal repressão policial, sob a alegação de combate ao tráfico de drogas na Cracolà¢ndia, esta política repressiva tem como objetivo liquidar o movimento estudantil e de trabalhadores combativos como pré-requisitos para impor um projeto privatista e ainda mais elitista de uma universidade que segrega do lado de fora a juventude pobre e negra através do filtro social do vestibular.
É necessário redobrar as forças do movimento democrático que surgiu a partir da USP no ano passado, que envolveu não somente 2 ocupações e uma forte greve que colocou de pé um organismo democrático de delegados eleitos na base, mas também mais de 200 intelectuais, juristas e personalidades que rechaçaram a repressão. Como parte da diretoria do Sintusp já estamos, junto aos companheiros estudantes desde o primeiro momento, e chamamos ao DCE, a ADUSP e aos centros acadêmicos a tomar medidas emergencialmente. Chamamos em particular o movimento negro a se colocar com ainda mais força em defesa do Núcleo de Consciência Negra e contra o racismo na USP. E fazemos um chamado também a todo o movimento estudantil nacional, os partidos políticos, sindicatos, a intelectualidade, aos juristas progressistas, etc, a redobrar esforços para garantir a punição dos responsáveis por essa ação, como parte da luta pela democratização real da universidade.
*PUNIÇÃO AOS RESPONSáVEIS DA AGRESSÃO A NICOLAS!
*FORA PM DA USP!
*ABAIXO O CONVÊNIO USP-PM!
*POR UM GRANDE MOVIMENTO DEMOCRáTICO CONTRA A REPRESSÃO!
*REINCORPORAÇÃO IMEDIATA DOS SEIS ESTUDANTES ELIMINADOS!
*NENHUMA PUNIÇÃO AOS 73 ESTUDANTES PRESOS!
Liga Estratégia Revolucionária, 10 de janeiro de 2012