Crônica desde o Chile
Os estudantes denunciam as negociações por cima e se mobilizam
11/09/2011
Por Militantes da Juventude do PTS no Chile
É quarta-feira e todas as faculdades do país retomam as discussões sobre como seguir a luta estudantil. Em cada curso e faculdade está presente o descontentamento sobre as manobras de seus dirigentes. Não querem negociar migalhas, aqui se coloca a luta pela educação gratuita para todos.
Os porta vozes se reúnem algumas horas depois. Começa o plenário da FECH onde se faz o balanço sobre a aproximação de Camila Vallejo (quem preside a FECH) em relação a Piñera. O que parecia uma reunião de rotina muda quando estudantes de base da faculdade de Ciências Sociais começam a denunciar a CONFECH que foi negociar sem nenhum tipo de mandato de base das faculdades, sem esclarecer o significado dos 12 pisos mínimos, que nem sequer mencionam a demanda da educação pública. Se lê; “Não ao diálogo e a negociação. O Povo avança lutando” entre os cartazes e a denúncia sonre a indiferença da CONFECH ás discussões da base.
A reunião com Piñera ás costas dos estudantes causou um importante repúdio nas assembléias gerais, muitos centros criticam que ã direção da FECH pouco importa a exigência que o único que se pode aceitar como condição para o diálogo é a educação gratuita, pública, que impulsionam há meses os companheiros do PTR-Clae conra Clase. É a única forma de que estudantes secundaristas, universitários e o povo trabalhador possam triunfar nesta luta. É evidente que o Partido Comunista, que dirige a confederação, pretende um pacto de miséria com o governo, esvaziando as ocupações, as ruas de Santiago e do Chile inteiro para assim negociar tranqüilos.
Neste cenário são os companheiros do PTR, que nas assembléias e nas ruas dão uma luta política fundamental contra essa burocracia. Acompanhados de um importante setor de independentes, expressam uma não conformidade que é muito mais extensa do que a Jota (PC) opina, ou melhor dito, que querem fazer crer. Nos seus quatro meses de luta, não se pode baixar os braços. Há um direito a ser arrancado e um companheiro assassinado impunemente a se vingar, e isso será feito nas ruas. O movimento estudantil e popular conquistou uma relação de forças nas ruas que não cabe um diálgo de cabeça baixa com Piñera.
Quinta-feira pela manhã: os secundaristas nucleados nas ACES junto a estudantes de Filosofia, de Ciências, teatro, Direito junto a outras faculdades. Quando saímos do metrô nos deparamos com centenas e centenas de carabineros: pacos em motos, cavalos, guanacos (caminhões hidrantes); uma imagem realmente impactante que mostra o poder de fogo que tem esta polícia intacta desde os anos da ditadura pinochetista e que goza da impunidades concedida pela Concertación, o governo e a direita.
Milhares de estudantes secundaristas desafiam os pacos: a marcha “não está autorizada”. São cerca de três mil os que se mobilizam por uma educação gratuita, contra a ingerência das empresas nas escolas, contra a direita que criminaliza os protestos. É o ódio contra a polícia assassina de Manuel Gutiérrez.
Como era de se esperar dos soldados de Piñera, somente a duas quadras do início da marcha os jovens são reprimidos e 40 companheiros presos. 19 horas: Outra marcha se reúne apesar da ausência de seus próprios convocantes, os dirigentes da CONFECH. Se reúnem cerca de 7000 estudantes apesar de que Vallejo confirmou, desmentiu e novamente confirmou a convocatória, o que gerou uma grande confusão na base estudantil. Tomam a frente os companheiros e companheiras de teatro da Universidade do Chile junto aos companheiros do PTR. Uma grande bandeira que exige a educação gratuita e consignas contra o governo, contra a herança pinochetista tão intacta no Chile de Piñera e da Concertación. O que pretendia ser uma ação literal e metaforicamente silenciosa se converteu em um repúdio aos pacos, assassinos de Manuel Gutiérrez e as negocações que pretendem entregar a luta.
Evidentemente o governo e o Partido Comunista tem o mesmo objetivo: tirar o movimento estudantil das ruas sem nenhuma resposta aos gritos massivos de EDUCAÇÃO GRATUITA. Mas os estudantes e trabalhadores chilenos sabem que o direito só pode ser arrancado com suas próprias mãos e sua própria organização, com mobilização e paralisações. Não estão dispostos a entregar meses de batalha porque sabem que é possível que caia a educação assim como todo o regime de Pinochet.
9 de setembro