Argentina
Uma campanha militante contra os candidatos do ajuste
09/07/2015
Começa a surgir lentamente mas com força uma vanguarda operária que luta, se organiza e vê com simpatia ou diretamente é parte da esquerda em nosso país. Construir uma alternativa de independência política dos trabalhadores é a tarefa. O PTS e a Lista 1A da Frente de Esquerda se inscrevem clara e decididamente nesta batalha.
Terminaram as eleições antecipadas em vários estados e na Cidade de Buenos Aires, onde só falta o 2° turno. O kirchnerismo [corrente política da presidente Cristina Kirchner] foi mal, em terceiro em Córdoba – como havia sido em Santa Fé – e Recalde conseguiu menos que Filmus anos atrás na Cidade de Buenos Aires. Macri [direitista pré-candidato ã presidência] não pode festejar de verdade, porque seu candidato ganhou, mas sem conseguir evitar o 2° turno com seus “sócios”, como Lousteau e os membros da UCR. A Frente de Esquerda se consolida.
Entraram três legisladores provinciais da FIT [Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, formada por PTS, PO e IS em 2011] em Córdoba (um por cada partido) e uma cadeira na Legislatura de Buenos Aires, e a partir de dezembro Marcelo Ramal (PO) e Patricio del Corro (PTS) serão os dois legisladores da FIT. Em uma eleição muito polarizada Myriam Bregman, candidata a prefeita, tornou-se una personalidade política de muito destaque na Cidade e aumentou a votação das PASO [eleições primárias], ainda que ficou um pouco abaixo do histórico Luis Zamora. A próxima disputa eleitoral nacional é o 9 de agosto. São as PASO. Nessas eleições primárias não se elege nem o presidente nem os deputados, só se elege quem serão os candidatos que disputarão em outubro.
São proscritivas porque se exige superar 1,5% em cada categoria para poder ir ás eleições definitivas. A Frente de Esquerda (FIT) vai eleger nas PASO quem a representará em outubro. Apresentam-se a lista 2U de Altamira (PO) e Giordano (IS) e a Lista 1A de Nicolás del Caño e Myriam Bregman, que se apresenta com o lema “Renovar e fortalecer o Frente de Esquerda” com os trabalhadores, as mulheres e a juventude. É uma lista de luxo, cheia de conhecidos lutadores operários, como Poke Hermosilla delegado da ex-Kraft-Terrabusi que acompanha Christian Castillo na fórmula para governador e vice de Buenos Aires.
Ou o dirigente do Metrô, Claudio Dellecarbonara, que divide a lista ao Parlasur com Andrea D’Atri, fundadora do Pão e Rosas, e Ramón Cortés um dos condenados a cadeia perpétua pela luta dos petroleiros de Las Heras. Mulheres da “estatura” de Vicky Moyano, neta restituída, do CeProDH [Centro por Direitos Humanos], que vai como candidata a deputada pela Cidade de Buenos Aires, onde a lista 1A da FIT tem 70% de mulheres, invertendo a cota para gênero. Jovens trabalhadores como Rubén Matu (delegado de Lear) e o recentemente reincorporado Damian “Bebé” González.
Milani, Menem e “o projeto”
Em nosso país, a presidenta Cristina participou da chamada ceia de camaradagem das Forças Armadas. A poucos dias de ter tido que finalmente retirar Milani [ex-chefe do exército] pelas denúncias que pesavam sobre ele por ter participado do genocídio, se despediu com um discurso que deveria envergonhar os organismos de direitos humanos afins ao kirchnerismo. Exortou os oficiais presentes (muitos deles atuaram durante a ditadura) a não repetir “os erros do passado”. Mas o genocídio com 30.000 desaparecidos, crianças roubadas, com 500 centros clandestinos, que jogaram vivos ao mar muitas das vítimas, não foi um erro.
O canto tradicional das Mães da Praça de Maio e de todos os organismos de direitos humanos foi “Não houve erros, não houve excessos, são todos assassinos os milicos do Processo”. Cai o relato de Cristina Kirchner. Milani em sua despedida disse que sua missão (inconclusa) era reconciliar as Forças Armadas com o povo. Para isso o colocou Cristina, não foi esse o motivo pelo qual o tirou. Enquanto isso, o candidato oficial do governo percorre o país. Muitos se surpreenderam porque Scioli em La Rioja disse que “Menem [político neoliberal da década de 90] me deu a oportunidade e acreditou em mim para entrar na política”. O que esperavam? Desde a Frente de Esquerda viemos denunciando que Scioli, Massa e Macri são os filhos políticos de Menem, os candidatos do ajuste.
Os que lutam
Nestas semanas estouraram dois importantes conflitos. Um, o dos motoristas da linha 60, uma das mais emblemáticas da zona metropolitana, que endureceram frente ás demissões discriminatórias e enfrentaram o lock out patronal, colocando os ônibus na rua e não cobrando passagem. Na quarta-feira (8) fizeram uma barulhenta manifestação até a Casa de Governo. Uma das propostas dos trabalhadores é que se a empresa mantém o ataque o serviço seja estatizado; eles podem administrá-lo e dar um serviço barato e eficiente.
Têm razão. Os trabalhadores de algumas linhas do Metrô, onde tem peso a oposição combativa, abriram as catracas em solidariedade. Um grande exemplo. Acindar, uma das maiores siderúrgicas do país, localizada na emblemática Villa Constitución no sul de Santa Fé, paralisou totalmente a produção porque seus trabalhadores se declararam em greve até que readmitam os 12 companheiros demitidos (6 dos quais são contratados).
Esta patronal, de origem indiana, é um dos gigantes do aço mundial. Invoca uma crise, mas o que quer é flexibilizar o trabalho e avançar sobre as conquistas. O governo nacional e o dos falsos socialistas de Santa Fe deixam livre esta empresa abutre. Estes dois conflitos, pra além do desfecho que tenham, mostra que há que enfrentar as demissões com luta. Tanto se são por discriminação e pontuais como nestes casos ou se são decorrência de que os empresários querem descarregar a crise sobre os trabalhadores com demissões massivas ou fechamentos de fábricas.
É o caso de Rasic (Cresta Roja), a metalúrgica de Bahía Blanca ou o fechamento de Worldcolor, onde seus trabalhadores lutam pela fonte de trabalho e decidiram colocar a fábrica para produzir e mobilizar-se nesta sexta-feira (10) ao centro de Buenos Aires. Nos marcos desta resistência desde baixo, que supera e enfrenta a burocracia sindical, é uma grande notícia a reincorporação de Walter Quiñones na Renault em Córdoba e de Daniel Vázquez em Lear. Vitória dos Indomáveis de Lear e da oposição classista ao SMATA [sindicato dos metalúrgicos]. Um orgulho para o PTS que estes companheiros integrem a Lista 1A da FIT.
Vamos com Del Caño-Bregman para presidência
A 40 anos da grande mobilização operária que derrotou os planos de ajuste do governo peronista de Isabel, Rodrigo e López Rega, começa a surgir lentamente mas com força uma vanguarda operária que luta, se organiza e vê com simpatia ou diretamente é parte da esquerda em nosso país. Construir uma alternativa de independência política dos trabalhadores é a tarefa.
O PTS e a Lista 1A da Frente de Esquerda se inscrevem clara e decididamente nesta batalha. Com este objetivo, e com a força dos trabalhadores, as mulheres e a juventude que se expressa em nossas listas, saímos a lutar. Para renovar e fortalecer a Frente de Esquerda. Para enfrentar os candidatos do ajuste. Nicolás del Caño e Myriam Bregman estão percorrendo o país para apresentar nossa proposta.
Em muitos lugares da província de Buenos Aires e em outros pontos do país, os comitês de campanha se puseram em marcha. Discutem como fazer conhecidas nossas propostas, como chegar a cada fábrica, cada bairro, cada escola. São um motor fundamental. Se junte para militar nesta campanha conosco.