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Estados Unidos

A luta pelo aumento salarial se liga ás eleições norte-americanas

06/11/2014

A luta pelo aumento salarial se liga ás eleições norte-americanas

Junto com as eleições de meio termo, que ocorrerão nesta quarta-feira, dia 4 de novembro nos Estados Unidos, alguns estados incluirão iniciativas para votar um aumento do salário mínimo. É a expressão institucional de uma campanha impulsionada pelos trabalhadores que vem ganhando terrenos nas ruas de todo o país. A luta pelos US$15 por hora.

Ao menos cinco estados definirão, junto ás eleições de meio termo, acerca de uma proposta de aumento do salário mínimo. No Alaska, Arkansas, Nebraska e Dakota do Sul, o referendo será resolutivo enquanto em Illinois é apenas consultivo. Mesmo que nenhum proponente leve o salário mínimo para além dos US$10 a hora, o feito de submeterem a votação consultas deste tipo responde a massividade que a campanha nacional conquistou, nascida das entranhas do trabalho precarizado.

A campanha por um aumento do salário mínimo foi impulsionada a partir das ruas. Milhares de trabalhadores precarizados, a maioria deles empregados em setores de serviços, tiveram a “ousadia” de sair em luta desde os fins de 2012 por um salário de 15 dólares a hora (o dobro do salário atual, que é de 7,25 dólares a hora). A campanha foi se estendendo por todo o país, e teve como um de seus principais correlatos os trabalhadores dos Fast Foods.

O impacto que essa campanha conquistou dentro deste setor tem uma relação direta com a alta criação de empregos precários durante o último período: “segundo os números do National Employment Law Project (NELP), os empregos de baixos salários representam 21% dos postos de trabalho perdidos durante a chamada ’grande recessão’, mas são 58% dos postos de trabalho criados na ’recuperação’. O mesmo estudo mostra que o setor de fastfood, o de varejo e de serviços comerciais juntos representam 43% do crescimento de emprego durante os últimos anos. Resultado: mais da metade dos trabalhos criados durante os últimos anos são precários”.

Isto explica a dinâmica ascendente desta campanha, que contou com dezenas de ações, paralisações e piquetes em frente ás principais cadeias de fast food durante os últimos anos, onde se brigava não apenas por aumento do salário mínimo, mas também contra a precariedade das condições de trabalho e contra a negativa das empresas em permitir a organização dos trabalhos.

O próprio Obama teve que fazer coro com a campanha e chegou a falar de um aumento do salário mínimo a nível federal, mas apenas para elevá-lo a pouco mais de 10 dólares a hora.

Pelos seus meios, a campanha pelos 15 dólares teve um primeiro triunfo, ainda que com muitos limites, em Seattle, onde o conselho deliberativo aprovou com modificações a proposta da conselheira socialista, Kshama Sawant, que acabava de ganhar as eleições em 2013 com uma campanha baseada no aumento salarial.

Apesar do conselho deliberativo de Seattle ter aprovado o salário mínimo de 15 dólares, o faz de forma progressiva de 2015 a 2021 de acordo com o tipo de empresa, o que não impede que os trabalhadores vejam esse triunfo como seu.
Esta luta que leva mais de dois anos se converteu em tema “popular”, razão pela qual alguns estados o submeterão a votação, impulsionada em sua maioria de forma demagógica pelos democratas que esperam mobilizar distante de sua base eleitoral.

As pesquisas mostram consistentemente que a grande maioria dos estadunidenses é favorável a que se aumente o salário mínimo, e os democratas estão esperando claramente que o tema ajude a levar a população ás urnas, tanto nos estados com iniciativas eleitorais quanto em estados como Wisconsin, onde o salário mínimo tem sido um problema na campanha para governador.

Estima-se que se aprovado, esse aumento trará consequências imediatas sobre os salários de aproximadamente 680.000 trabalhadores, a maioria deles no estado de Illinois (onde casualmente a votação não é vinculada). A iniciativa também acontecerá a nível local, como é o caso de São Francisco e Oakland, onde se propõe elevar o mínimo a 15 e 12,25 dólares a hora, respectivamente.

Para além do resultado imediato, que no caso dos estados não superará o mínimo de 10 dólares, essas iniciativas que se colocarão em votação durante as eleições de meio termo já são expressão da profundidade da luta levantada pelos setores mais precarizados da classe trabalhadora norte americana.

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Dados:

Alaska

Salario mínimo atual: $7.75.
Salario mínimo proposto: $8.75 (em 1° de janeiro de 2015), e $9.75 (em 1° de janeiro de 2016).
Depois disso, o salário minimo se ajusta com base na inflação ou 1 dólar acima do nível federal, o que for maior.
Trabalhadores beneficiados: 38.000 (4.6 por cento dos trabalhadores nos dias de hoje).
Taxa de desemprego: 6.8 por cento.

Arkansas

Salario mínimo atual: $7.25
Salario mínimo proposto: $7.50 (em 1° de janeiro de 2015), e $ 8 (em 1° de janeiro de 2016).
Trabalhadores beneficiados: 26.000 (4.6 por cento dos trabalhadores nos dias de hoje).
Taxa de desemprego: 6.2 por cento.

Illinois

Salario mínimo atual: $8.25.
Salario mínimo proposto: consulta não vinculada elevaria o salário mínimo a $10 a partir 1 de janeiro de 2015.
Trabalhadores beneficiados: 593.000 (19.3 por cento dos trabalhadores nos dias de hoje).
Taxa de desemprego: 6.6 por cento.

Nebraska

Salario mínimo atual: $7.25.
Salario mínimo proposto: $8 (em 1° de janeiro de 2015), e $ 9 (em 1° de janeiro 2016).
Trabalhadores beneficiados: 33.000 (5,9 por cento de los trabalhadores nos dias de hoje).
Taxa de desemprego: 3.6 por cento.

Dakota do Sul

Salario mínimo atual: $7.25
Salario mínimo proposto: $8.50 (em 1° de janeiro de 2015), e $ 9 (em 1° de janeiro 2016).
Trabalhadores beneficiados: 24.000 (9,6 por cento).
Taxa de desemprego: 3.4 por cento.

Dados de: http://fivethirtyeight.com/features/election-day-could-bring-raises-to-680000-low-wage-workers/

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