Solidariedade operária e popular
A maior ajuda ao povo haitiano é a luta pela retirada das tropas de Lula, dos EUA e da ONU!
26/02/2010
A tragédia do Haiti não se iniciou com o terremoto. Desde sua brava independência o Haiti sofre um bloqueio e uma forte rapina de distintos imperialismos, com destaque aos ianques. Há mais de seis anos o Brasil lidera uma força de ocupação da ONU que garante o jogo da burguesia brasileira para melhor se localizar nas relações e comércio internacional e regional, se subjugando aos interesses imperialistas sobre o país caribenho, mantendo desta forma a devastação do país, que antes desta tragédia anunciada já sofria com a falta de hospitais, infra-estrutura e etc.
Hoje, em meio ã tragédia do terremoto ocorre um aumento da invasão militar do Haiti. Liderada pelas tropas ianques e seus 16 mil soldados, juntam-se a elas seus tradicionais aliados: 1150 soldados “especializados em controle de multidão” do Canadá cujo número chegará a 2 mil, centenas de soldados de Israel, Coréia do Sul, entre outros. Somam-se também as tropas da ONU lideradas pelo Brasil que aumentaram de 9 mil para 12,5 mil. As forças de Lula neste contingente serão duplicadas e assim tentará melhor aparecer e negociar seu status regional, e com isto, é claro, garantir que as construtoras brasileiras lucrem na “reconstrução” e que as maquiladoras têxteis explorem a mão-de-obra haitiana e aproveitem o livre-comércio com os EUA.
A missão da ONU, denominada MINUSTAH, localizava-se como a garantidora terceirizada de interesses imperialistas em manter o Haiti subjugado e reprimir cada manifestação contra a fome ou aumento de salários. Hoje, frente ã relocalização de Washington surgem rusgas entre as distintas forças de ocupação e algum nível de competição. Este é o marco dos repetidos anúncios de Lula de aumento de somas de dinheiro destinadas ao país caribenho (e não necessariamente a seu povo, mas para manutenção das tropas e “reconstrução”), o duplicar das forças brasileiras e possivelmente uma visita do próprio Lula ao Haiti onde veremos cenas do próprio presidente distribuindo comida em meio ã demagogia do Brasil ajudar países mais pobres e não a cara real de sua política, que mira a conquista de um assento no Conselho de Segurança da ONU para consolidar o Brasil como força relevante na América Latina, bem como conseguir vistosos lucros para as construtoras brasileiras na “reconstrução” do Haiti. Para isto Lula leva o país ao infeliz papel de repressor de povos irmãos, em especial da primeira república negra que se constituiu como um exemplo não só em sua brava luta contra a escravidão e independência, mas como fonte importante de apoio, inclusive material e militar, nas lutas por Independência em toda América Latina.
Independentemente das incipientes desavenças entre os governos interessados, estão todos de acordo em deixar o povo haitiano de fora do controle de suas vidas, desde a elementar distribuição da ajuda que prescinde das redes locais, dos movimentos sociais como de garantir esta “falta de controle” ã ponta da baioneta se necessário. Ou seja, as tropas também estão lá para impedir a auto-organização do povo haitiano. Deste modo a solidariedade dos trabalhadores brasileiros e as importantes coletas de dinheiro, que estão ocorrendo, sobretudo, em sindicatos da CONLUTAS, só podem se concretizar numa solidariedade operária e popular se fizerem parte de uma luta intransigente pela retirada das tropas brasileiras de Lula que dirigem a MINUSTAH no Haiti.
A mísera ajuda oferecida seja pelo Brasil seja pelos países imperialistas comparadas com as intermináveis somas de dinheiro disponibilizadas aos capitalistas até o momento (4 mil vezes maior) na crise capitalista mundial desmascaram como a ajuda a este povo é o menor dos interesses dos governos e burguesias envolvidas. Alguns milhares de garrafas e copinhos de água oferecidos pela Coca-Cola e parcas toneladas de alimentos pela Kraft Foods e Pepsico não se comparam aos milhões de dólares arrancados anualmente do suor dos trabalhadores de toda a América Latina. A ajuda dos trabalhadores brasileiros precisa ao mesmo tempo responsabilizar as multinacionais presentes no Haiti através de mobilizações com os métodos operários, como greves, etc e exigir que os lucros destas empresas financiem a ajuda ao Haiti. Fora as tropas de Lula que ajudam a legitimar o saque imperialista e são responsáveis diretas pelo comando de tropas acusadas de centenas de estupros e repressão e assassinatos de manifestantes e grevistas! Não podemos permitir que junto com os EUA sejam tropas brasileiras que oprimam um povo irmão!
Até hoje a campanha de solidariedade existente no Brasil centra-se em coletas de dinheiro e nenhuma responsabilização do governo Lula por esta calamitosa situação, na qual um país oprimido pelo imperialismo como o Brasil cumpre um papel opressor contra outro. A Frente de Solidariedade ao povo Haitiano ademais de suas coletas tem marcada uma manifestação em solidariedade somente no final de março, já passados dois meses e meio do terremoto. Que as ONGs e Igrejas, petistas e organizações apoiadoras de Lula (CUT, CTB, PT, MST, Marcha Mundial de Mulheres, etc.) sigam seu passivo e acrítico ritmo de dízimos é de se esperar, agora, constitui-se como uma séria falta de solidariedade política por parte das organizações operárias antigovernistas e que se reivindicam combativas ou revolucionárias não erguer em alto e bom som o grito pela retirada das tropas de Lula do Haiti e para colocar uma forte campanha nas ruas já. Por isto chamamos a juventude do PSTU (ver carta nesta edição) e as organizações operárias e estudantis combativas por ele influenciada, CONLUTAS e ANEL, a reverem o eixo de sua atuação na coleta de dinheiro e incluírem com força uma combativa campanha nas ruas por Fora as tropas de Lula do Haiti, como já se votou repetidas vezes nestas organizações e como já ocorreram diversos debates com este tema organizados pelas mesmas. É hora de irmos ás ruas com esta campanha!
Dedicamos nossas forças em todos os países onde estão as organizações que fazem parte da Fração Trotskista Quarta Internacional para que ocorra uma séria campanha pela retiradas das tropas ianques e seus aliados, brasileiras e da ONU. Por isto nós da LER-QI já realizamos um ato em São Paulo e dois em Campinas pela retirada das tropas ianques e de Lula, conseguimos graças a este ato que Mara Onijá dirigente da Ler-qi e integrante do Pão e Rosas Brasil participasse em uma longa entrevista no canal Recordnews onde denunciou as tropas e exigiu sua retirada. Estamos promovendo uma série de ações nas calouradas das universidades em solidariedade material e pela retirada das tropas. Realizaremos uma manifestação em São Paulo dia 25/02, provável data da visita de Lula ao Haiti, e um grande debate e jornada cultural de grupos de Hip-Hop em solidariedade no dia 28/02, além disto, junto aos grupos do Pão e Rosas em diversos países da América Latina enviamos uma correspondente ao Haiti e seguindo o chamado de feministas dominicanas teremos como eixo nosso nas manifestações pelo Dia Internacional da Mulher a solidariedade com as mulheres e povo haitiano e pela retirada das tropas (ver contracapa). Nossas pequenas forças não são suficientes para tornar esta campanha forte como necessita ser: é necessário que organizações políticas, operárias, populares, de direitos humanos e feministas se somem nesta tarefa. Junte-se a nós para colocar nas ruas, escolas e fábricas uma campanha que vincule a solidariedade ao povo haitiano com a luta pela retirada das tropas de Lula e para que ocorra uma frente-única, começando pela CONLUTAS-INTERSINDICAL e ANEL, que lute pela retirada das tropas brasileiras e coloque-se ativa e vivamente em movimento em solidariedade com nossos irmãos e irmãs haitianas.
Manifestações realizadas em São Paulo e Campinas
Em São Paulo e Campinas junto a companheiros do grupo de Hip-Hop Força Ativa, e militantes do Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp, onde participamos junto a independentes e ao PSTU, já realizamos três atos em solidariedade com o povo haitiano denunciando a ocupação das tropas brasileiras e imperialistas, impulsionados pelo Movimento A Plenos Pulmões, Pão e Rosas e pela LER-QI.
Campanha latino-americana do Pão e Rosas
Junto de nossas companheiras no México, Argentina, Chile e Bolívia o Pão e Rosas Brasil promove uma campanha de assinaturas de coletivos feministas, organizações políticas e de direitos humanos pela retirada das tropas, cancelamento da dívida externa do Haiti, fim da violência ás mulheres haitianas e para que os lucros das multinacionais sejam usados para financiar a ajuda. Esta campanha já conta com mais de duzentas assinaturas em mais de treze países.
– Ato em SP dia 25/2 em frente ao consulado do Haiti (Av. Paulista 1499) ás 18hs
– Ato-debate dia 28/2 14hs na Casa Socialista Karl Marx (Pça.Americo Jacomino 49, Vila Madalena – São Paulo)