Apontamentos Militantes
Argentina: Paralisação nacional do 10 de Abril, “a unidade do movimento operário com a esquerda” e a construção de um partido leninista de vanguarda
11/04/2014
Grandes ações como a paralisação nacional da quinta passada permitem clarificar a consequência entre discurso e pratica política das correntes de esquerda. Ante a convocatória a uma paralisação “domingueira” por parte de Moyano, Barrionuevo e Micheli [1], toda a esquerda se pronunciou pela necessidade de fazer uma paralisação “ativa”.
Desde o PTS vínhamos insistindo na necessidade de uma paralisação nacional ativa chamando a organizar a paralisação, piquetes e um plano de luta, como exigência ás centrais sindicais, criticando a trégua que estas vinham outorgando ao governo, como parte de sua subordinação a projetos políticos patronais, e levantando um programa para que a crise seja paga pelos capitalistas. Com esse conteúdo, o Encontro Sindical Combativo que convocamos em março junto ao Pollo Sobrero, Perro Santillán e a maioria das correntes da esquerda operária e socialista, lançou (antes de qualquer outra organização de esquerda) um chamado que incluía a convocatória a uma jornada de piquetes e cortes de rodovias contra o ajuste e pela absolvição dos petroleiros de Las Heras. Vínhamos de ter sido a corrente majoritária na jornada nacional de cortes de 27 de fevereiro, impulsionada pelo Comitê pela Absolvição dos petroleiros de Las Heras, pela Gendarmeria (espécie de polícia militar) na Panamericana e pela Polícia Federal em General Paz.
Mas a paralisação nacional colocava um desafio superior: sobre a base de lutar pela adesão ã paralisação nas fábricas e empresas onde os sindicatos chamavam a “boicotar”, propor-se a que seja realmente “ativo” nas fábricas e empresas onde a esquerda tem responsabilidade de direção. O mesmo estava colocado para os centros de estudantes, sobretudo aqueles que dirigimos as correntes integrantes da Frente de Esquerda. Para ser sérios com os anúncios de cortes e piquetes, estes não podiam ficar só nas mãos da militância, senão que devíamos apostar na participação (ao menos) da vanguarda (o ativismo) operária e estudantil
Isto é o que realmente teme o governo, a oposição patronal dos Massa ou Macri que saíram a atacar furiosos os piquetes, e a burocracia sindical em todas suas alas: que surjam setores do movimento operário que não só votem delegados da esquerda e lutem por suas próprias demandas, senão que se rebelem ativamente e por centenas (e milhares no futuro) contra os limites que impõem a burocracia sindical e o Estado (com a Gendarmeria). Não por menos um gerente de Kraft advertiu a um dos delegados: “nós não vamos poder fazer funcionar a fábrica, mas vocês não vão poder subir ã Panamericana”. Tudo tinha que ficar nos limites do regime, os trabalhadores que decidiam parar (ainda que tenham tentado evitar) deviam ficar em suas casas.
Na Panamericana, o corte mais anunciado (e o único reprimido, não por casualidade), mostrou que a corrente classista que se pôs a organizar o ativismo operário e estudantil para participar foi o PTS. Ali estiveram mais de 400 operários industriais de Donelley, Kraft, Pepsico, a ex-Stani (hoje Kraft Victoria), de Lear, Printpack e várias fábricas mais onde inclusive dirige a burocracia sindical, graças a uma militância prévia impulsionada por nossos companheiros e companheiras. Inclusive uma delegação de operários da FATE chegou desde a primeira hora organizada pelos delegados da Marrón/PTS, enquanto os dirigentes do SUTNA (sindicato da fábrica FATE) chegaram com uma pequena delegação várias horas mais tarde, ainda que houvessem votado tanto em assembléia como em seu plenário com o PO.
No SUTEBA Tigre, demos a batalha junto aos companheiros do Opinião Socialista, conquistando uma importante delegação, que se somou aos docentes de San Martín, General Sarmiento e outras da zona, até chegar ã centena de professores.
Participaram também trabalhadores telefônicos de Pacheco e operários do Frigorífico Rioplatense junto com companheiros telefônicos e estatais da capital. Junto com essas delegações operárias estiveram os deputados da FIT Christian Castillo e Néstor Pitrola. Também companheiros do bairro de Las Tunas que sofrem o contínuo flagelo das inundações devido aos negócios imobiliários impulsionados por Massa com a construção de condomínios de luxo edificados nos terrenos mais altos, provocando tragédias. A unidade dos trabalhadores combativos com esses setores populares é fundamental e dão uma pequena mostra da aliança operário e popular que vai ser necessária para derrotar os capitalistas e seus governos. A solidariedade impulsionada pelos trabalhadores de Kraft há um ano quando ocorreram as inundações é uma mostra da política que têm que ter os setores classistas para estabelecer uma ponte com os bairros populares que deve incluir um programa para luta em comum por um trabalho genuíno e um plano de obras públicas controladas pelos trabalhadores e moradores.
O movimento estudantil teve forte presença. Universitários, secundaristas e estudantes de colégio técnico, da Zona Norte e da Capital. O PO também participou com militantes universitários e a bandeira da FUBA, junto a coluna de seu partido que subiu a Panamericana logo que o piquete estava instalado, mas não deram uma batalha política para que participe a maior quantidade de estudantes independentes possível. O que se diz “centros militantes”. Mais de 400 estudantes independentes e da Juventude do PTS, levantando-se ás 3 da manhã, para chegar pontualmente ao corte, e inclusive ficando sem dormir, para logo enfrentar a repressão da Gendarmería ombro a ombro com os operários combativos, são a prova viva dessa batalha política. É notório que hajam participado mais estudantes independentes ao corte da Panamericana que ao folclórico corte que organizou a FUBA com a AGD em Córdoba e Junín.
A Interfabril de Pilar (onde atuamos em comum, delegados e ativistas independentes, da CCUR e do PTS) apostou e mobilizou mais de uma centena de operários de Unilever, Procter & Gamble, Worldcolor e Kromberg para bloquear a entrada ao Parque Industrial.
Na Ponte Pueyrredón estrearam seu primeiro piquete dezenas de operários da Coca Cola (planta Pompeya) organizados por sua nova Comissão Interna, assim como dezenas de trabalhadores aeronáuticos do Aeroparque e Ezeiza. Junto a docentes, estatais, os deputados da FIT Nicolás del Caño e Marcelo Ramal e outras organizações de esquerda, foram os únicos trabalhadores da indústria e dos serviços ali presentes. Também esteve Claudio Dellecarbonara, logo após garantir a paralisação na Linha B junto ao ativismo e com assembleia prévia, enquanto o PO não quis fazer assembleia na oficina Rancagua.
Em Neuquén, junto ao Sindicato Ceramista, a coluna operária do Parque Industrial também foi notória no ato conjunto com ATEN e outros sindicatos.
Em Rosario, após a luta dura de Liliana, o ativismo dessa fábrica, apesar da demissão de seus dirigentes, se fez presente novamente no corte, apesar do dia de folga que deram as patronais do cordão industrial para evitar que se expresse a raiva dessa juventude metalúrgica super-explorada.
Estes são alguns exemplos da batalha que deu o PTS na preparação do 10A, de onde nosso orgulho não é só haver sido chaves na batalha, primeiro por garantir a paralisação (votando-a em assembleias) e logo por “ganhar a rua” e instalar o piquete na Panamericana, em que pese a tentativa da Gendarmería em impedi-lo com balas de borracha, porretes, carro hidrante, cachorros, a detenção do companheiro Medina, etc., mas por haver feito tudo isto com centenas de operários e estudantes da vanguarda. Seguramente que são poucos frente aos milhões que aderiram ã paralisação. Mas são a linha de frente que está dando um exemplo que pode e deve multiplicar-se se queremos que emerja o classismo no movimento operário e um movimento estudantil combativo. A influência sobre setores da base do movimento operário onde intervimos foi chave para que se desenvolva uma luta política que conclua com que majoritária e conscientemente se vote parar em fábricas como Kraft, Donnelley, Pepsico, Lear, Alicorp (ex Jabón Federal), Procter, Printpack e tantas outras, como na linha B do Metrô, todos lugares onde as direções dos sindicatos convocavam a não parar.
Lamentavelmente o resto das correntes de esquerda não se colocaram nem se colocam esta batalha porque consideram “sectária” uma política classista no movimento operário (esta é uma das diferenças centrais com o Pollo Sobrero e o Perro Santillán) ou porque sua concepção política não inclui o objetivo de organizar sindical e politicamente aos setores avançados do movimento operário ao calor de influir e atuar sobre setores da base, limitando-se a conquistar (poucas) posições nas organizações operárias mas sem gerar militância de forma ampla. O mesmo fazem no movimento estudantil onde uma organização “de massas” como a FUBA não é capaz de mobilizar mais de duzentos estudantes.
Os ensinamentos de Lênin (e a História)
Essa negativa a desenvolver a militância sindical e política dos trabalhadores e da juventude tem como origem uma concepção de “partido” não leninista.
A experiência histórica mostra que um partido “operário e socialista” que se propõe construir uma direção revolucionária do movimento operário tem que estar disposto a utilizar todos os terrenos e ferramentas para levar adiante a luta por seu programa, desde os sindicais até os parlamentares, mas será totalmente impotente para vencer, superando as direções burocráticas e traidoras e conciliadoras, se não agrupa a vanguarda operária e a organiza para os combates mais difíceis. Um “aparato”, pequeno (como são hoje os partidos de esquerda) ou grande (como foi em seu momento a social-democracia européia), que se desenvolve por fora disto, está condenado ã degeneração ou ã impotência. Separar a influência eleitoral e sindical do objetivo primordial de ir forjando operários e operárias cada vez mais conscientes e decididos a “dar corpo” à luta pelo programa que dizem defender, que serão os futuros “oficiais” (militantes revolucionários) de uma organização com influência de massas, desenvolve interesses próprios desses aparatos (maior influência eleitoras ou “presença midiática”, mais acordos diplomáticos com caudilhos sindicais), separados das batalhas centrais da classe operária. Experiências deste tipo, na história do movimento operário, terminaram nas piores traições ou na impotência política. Assim explica Lênin “a bancarrota da Segunda Internacional”. Repetir descontextualizadas as fórmulas do “Que Fazer?”, como “a consciência socialista vêm de fora” ou a indiscutível necessidade de elevar a classe operária à luta política (acaudilhando o conjunto das demandas da nação oprimida), sem integrá-las nas lições que extrai Lênin da traição da socialdemocracia 12 anos depois, é não entender nada do leninismo: o perigo da degeneração oportunista não só provém do sindicalismo (“economicismo”) como coloca no “Que Fazer?”, mas também do desenvolvimento de aparatos eleitorais e sindicais adaptados aos regimes em tempos de desenvolvimento pacífico e evolutivo, que se negam a perder seus privilégios nos momentos de giros bruscos, onde é necessário passar do trabalho legal ao ilegal. Estas lições devem guiar a construção de um partido leninista que se proponha agrupar a vanguarda operária para dirigir ás massas.
A prova dos fatos
Os fatos da luta de classes que vivenciamos, por mais limites que tenham, põem ã prova as concepções práticas e políticas. Os companheiros do PO desenvolveram uma espécie de teoria que rompe com toda a tradição de Lênin e a Terceira Internacional (ver box ao final) onde a fusão entre a esquerda e o movimento operário vai se dar mediante a agitação exterior. À classe operária. Chegaram ao ponto de atacar o trabalho “estrutural” na classe operária com o insólito argumento de que isso leva ã “burocratização precoce”. Eles dizem que “O PO, por exemplo, se distingue de outros grupos políticos por um trabalho de agitação e propaganda sobre a classe operária e sobre todas as classes sociais (sic!, todas?!). O material desta agitação são todos os abusos do capital e seu Estado contra as massas... Em oposição a isto, o chamado ’trabalho estrutural’, que consiste em acumular posições nos aparatos sindicais, independente de que sejam a expressão de uma luta política classista, leva ã burocratização precoce da atividade e dos quadros socialistas”. (“Unir a esquerda revolucionária e o movimento operário” - Prensa Obrera n°1309)
A verdade é que a “burocratização precoce” sucedeu mais de uma vez aos militantes sindicais do PO, como é o caso dos dirigentes telefônicos Sosto, Lavagna e Hidalgo que, tempos depois de ingressar na direção do FOETRA Buenos Aires graças a uma frente com Marín (CTA) e Iadarola (CGT), romperam com o PO e se uniram ã burocracia, ou o caso mais sintomático ainda, da passagem ao bando da burocracia, de seu principal dirigente do SOIP de Mar del Plata, Marmeto Verón que, com 10 anos de militância no PO, logo após ganhar o sindicato acabou assinando um acordo de flexibilização (e rompendo com o PO). Para não falar dos acordos sindicais com personagens como Angel Tello da Renault de Córdoba, que após sustentar uma aliança de anos com o PO terminou como secretário adjunto do SMATA, sindicato pró patronal com bate-paus incluídos. Queimados com leite destas “experiências estruturais” o PO se presta a evitar a burocratização... deixando de lado a elementar necessidade de inserção na classe operária, sem perguntar-se se seus fracassos tardios não têm uma explicação melhor. Nem se lhes ocorre pensar que sua “burocratização precoce” tem entre suas causas que seus próprios militantes que foram dirigentes sindicais não dedicaram maior tempo ã organização de setores da classe operária nem desenvolveram a coordenação, isto é, mantiveram as organizações que conquistaram tal como as receberam, burocratizadas e vazias. Ao mesmo tempo, em geral, os “dirigentes sindicais” se dedicaram ao sindicalismo deixando para os “dirigentes partidários” a política. A derrota desta lógica se viu primeiramente na experiência dos SUTEBA recuperados como o de General Sarmiento que em mãos de parte da esquerda não foi útil para desenvolver nenhuma instância de unidade entre os trabalhadores da Zona Norte e se manteve estancado durante longos anos até que passou ás mãos da Celeste com mais pena que glórias deixando o PO como um grupo marginal no mesmo setor de docentes em todo o Norte. Desta forma hoje o PO no Norte conseguiu ser a menor corrente de esquerda, superada por todos os grupos (todos é literal). Neste momento os companheiros do PO se prestam a “conquistar” postos sindicais já não pela agitação que faça amadurecer a consciência nem nada pelo tipo, mas a partir de acordos com parte da burocracia de Micheli em Neuquén onde dividirá a chapa com a corrente de Julio Fuentes, reconhecido dirigente burocrata da CTA. Como se vê, agitação não cumpre seu suposto papel “educador”, mas em muitos casos serve como cobertura dos mais diversos acordos conciliadores com a burocracia (vai na contramão de combater a burocratização).
Diferente disso, a política do PTS para avançar na fusão com a vanguarda operária, seguindo os ensinamentos da Terceira Internacional com Lênin em vida (ver na seção anterior), unindo estreitamente as batalhas não só políticas mas também ideológicas para formar dirigentes e militantes operários revolucionários, longe de nos dar uma burocratização precoce, permitiu que contemos hoje com dirigentes da estatura de Raúl Godoy e os militantes trabalhadores do PTS em Zanon, de José Montes ou Miguel Lagos, Hernán Garcia e os demais companheiros do Estaleiro Rio Santiago, de nossos dirigentes na Alimentação, Gráficos, SMATA, UOM e centenas de quadros operários revolucionários que são parte da tradição da vanguarda operária do pais. “Estruturar” um partido na classe trabalhadora desde já tem seus riscos, mas escapar destes fugindo da própria classe e de suas experiências não parece uma boa saída. Os acontecimentos da Panamericana e todos os piquetes do 10A não foram mais que uma expressão, pequena, desta diferença de estratégias. Os novos militantes que foram incorporados ao PTS nos últimos meses e muitos companheiros e companheiras simpatizante, estão orgulhosos por haver passado por está primeira prova, pequena do ponto de vista da revolução, mas importante em função da pacifica luta de classes dos últimos anos e pelo que mostra ser o futuro. Em todas as fábricas, empresas, faculdades e colégios onde atuamos, nossos companheiros estão recebendo demonstrações de apoio e reconhecimento pelo papel jogado por eles e pelo PTS.
Sabemos que as forças organizadas no PTS são todavia muito pequenas em relação ao necessário para construir um verdadeiro partido revolucionário que possa ser decisivo em eventuais grandes lutas da classe trabalhadora. Mas sabemos também que para construir um verdadeiro partido é necessário nos prepararmos desde agora desenvolvendo a militância operária e estudantil a mais ampla escala possível. Desde agrupações classistas até internas militantes passando por encontros realmente abertos e campanhas políticas (como foi no seu momento a FIT ou como viemos fazendo na defesa dos petroleiros de Las Heras condenados), tudo o que desenvolve a atividade militante dos trabalhadores gera as bases para construir um partido que não seja só um programa de agitação mas também uma organização poderosa enraizada na classe trabalhadora e na juventude com a maior experiência de luta possível. A falta de radicalização política dificulta que essa militância seja diretamente revolucionária. Somos conscientes de que quando não há situações mais agudas de luta de classes e grandes crises pré-revolucionárias, o programa de ação transicional não é suficiente para ganhar para a revolução novos companheiros. É por isso que o PTS, ao mesmo tempo que impulsiona a organização da vanguarda e dos trabalhadores avançados, ganha através da propaganda marxista os companheiros mais decididos e conscientes e os melhores organizadores da própria classe para uma perspectiva revolucionária, socialista e internacionalista. Para isso começamos a revolucionar nossos meios de propaganda (como o vídeo “Marx voltou”, como introdução ao estudo e discussão do manifesto comunista) para formar novas camadas de trabalhadores no marxismo. Além disso queremos multiplicar o trabalho com “La Verdad Obrera” como motor de campanhas políticas e discussões ideológicas, publicamos em comum com intelectuais não partidários a revista “Ideas de Izquierda” como meio para a luta ideológica, para que as ideias de esquerda penetrem em mais setores. Junto com isso e dentro desta orientação a agitação cobra sua importância. Somos parte da FIT (Frente de esquerda) que é uma ferramenta útil para lutar pela independência de classe de forma ampla entre os trabalhadores que vem do peronismo. Uma forma de chegar com ideias simples a milhões de trabalhadores e jovens. Somos os principais impulsionadores da campanha pela absolvição dos petroleiros de Las Heras, o que permite gerar uma consciência e compromisso classista básico porém profundo em defesa dos condenados de nossa própria classe.
Assim mesmo as lutas políticas são necessárias para que os próprios trabalhadores avançados tomem em suas mãos outros aspectos negados pela burocracia (e muitas vezes também pelas demais correntes de esquerda) como por exemplo a defesa das mulheres trabalhadoras, frente a todo tipo de discriminação, etc. Para isso impulsionamos a organização de comissões de mulheres com as trabalhadoras e esposas dos trabalhadores, e impulsionamos sobretudo no movimento estudantil a agrupação de mulheres “Pan y Rosas”, já que somos conscientes de que isto constitui uma forma de lutar contra as concepções dos trabalhadores e da juventude que vem arraigadas desde décadas e são uma trava para o avanço da sua própria consciência de classe.
Reagrupar a vanguarda para ganhar os lugares de trabalho e as ruas. Nossa participação no Encontro Sindical Combativo junto a correntes com as quais temos enormes diferenças, tem o objetivo de agrupar o ativismo mais avançado do movimento operário, para que sejam parte de um polo nacional combativo, participem das lutas ofensivas e defensivas (as patronais podem querer usar a repressão) e tirem as conclusões, a partir da sua própria experiência, contrastando programas, táticas e estratégias.
Agora está colocado encarar o 1° de maio, dia internacional dos trabalhadores, e a realização dos encontros regionais que votamos em Atlanta, a partir das grandes lições que nos deixo a greve nacional de 10 de abril: Impulsionar a frente única operária aproveitando as ações progressivas convocadas pelos grandes sindicatos, exigindo um programa e um plano de luta que responda aos interesses do conjunto dos explorados, com exigências mas também denunciando as tréguas e aos opositores patronais com os quais flertam Moyano e Barrionuevo; reivindicando os piquetes e cortes de rua como parte da tradição do movimento operário contraposta as pressões e ameaças patronais e da burocracia; defendendo os trabalhadores e o povo da repressão e da criminalização, redobrando a luta, desde a ampla frente única que conquistamos, pela absolvição para os petroleiros de Las Heras; impulsionando a coordenação para a luta dos trabalhadores para além dos diferentes sindicatos, junto ao movimento estudantil e aos setores populares; promovendo agrupações classistas que se joguem a recuperar os sindicatos, expulsando a burocracia sindical.
Rumo ao XIV Congresso do PTS
Expusemos uma prática política que mostra que a construção do PTS não é um fim em si mesma senão uma ferramenta cada vez mais forte para lutar por um grande partido revolucionário da classe trabalhadora, que tenha como meta o governo dos trabalhadores e a luta internacionalista pelo socialismo. Com esta estratégia queremos multiplicar a organização com novas camadas de militantes: além dos cerca de 1.000 que organizamos logo após as eleições de outubro, queremos organizar nos próximos meses 1.000 novos companheiros e companheiras que já vem lutando junto com o PTS em diversos terrenos.
A experiência que estamos desenvolvendo na Argentina, com o PTS e a Frente de Esquerda, é seguida com atenção pelas principais organizações da esquerda (em particular, as que se reivindicam Trotskistas) de diversos países. Nós consideramos que nossa batalha por construir um partido revolucionário, um trotskismo operário e internacionalista, é inseparável da luta pela reconstrução de uma Internacional da revolução socialista, a Quarta Internacional. Por isso somos parte, junto as organizações que integram a FT-CI (Fração trotskista – Quarta Internacional), da iniciativa de por em pé um movimento por uma Internacional da Revolução Socialista, a Quarta Internacional. Buscamos o debate e a critica internacionalista, junto a iniciativas de prática comum (como fizemos com as campanhas internacionais pelos petroleiros de Las Heras ou pela histórica greve de Panrico em Barcelona).
O XIV Congresso Nacional do PTS, que realizaremos no começo de junho, se propõe debater estes desafios e adotar resoluções para encará-los. Ainda que os protagonistas centrais das discussões até o congresso serão os militantes “velhos” e novos do PTS, criaremos uma instancia especial para que todos os companheiros e companheiras que compartilharam nossas batalhas políticas e perspectivas possam opinar e debate, mesmo que ainda não estejam integrados como militantes de nossa organização. Um desafio apaixonante nos espera para elaborar e votar novas iniciativas que estejam a altura do que conquistamos.
A Terceira Internacional e a crítica ao trabalho no movimento operário “desde fora”, com “agitação e propaganda”
“Nessas condições, a ação dos comunistas no seio dos sindicatos adquire uma importância decisiva. Nenhuma critica do partido, proveniente de fora, poderia nem sequer em uma mínima medida exercer sobre as massas uma influencia similar a que pode ser exercida pelo trabalho cotidiano e constante das células comunistas nos sindicatos, mediante um trabalho tendendo a desmascarar e a desacreditar aos traidores e aos burgueses do tradeunionismo [sindicalismo], que na Inglaterra mais do que em qualquer outro pais, constituem o jogo político do capital”.
“Desde o primeiro momento de sua fundação, a Internacional Comunista se colocou como objetivo, claramente e sem equívocos, não a formação de pequenas seitas comunistas que tentassem exercer sua influencia sobre as massas trabalhadoras unicamente mediante a agitação e a propaganda, mas a participação na luta das massas operárias, guiando esta luta no sentido comunista e constituindo no processo de combate grandes partidos comunistas revolucionários”.
“Já durante seu primeiro ano de existência, a Internacional Comunista repudio as tendências sectárias ordenando aos partidos filiados, por mais pequenos que fossem, que colaborassem nos sindicatos, participassem neles a fim de vencer sua burocracia reacionária desde dentro e de transformá-los em organizações revolucionárias das massas proletárias, instrumentos de combate”.
“Os partidos comunistas só podem desenvolver-se na luta, inclusive os mais pequenos dos partidos comunistas não devem limitar-se a simples propaganda e a agitação. Devem constituir, em todas as organizações de massas do proletariado, a vanguarda que demonstre as massas atrasadas, vacilantes, como tem que levar a frente a luta, formulando para eles objetivos concretos de combate, incitando-as a lutar para reclamar a satisfação de suas necessidades vitais, e que desse modo lhe revele a traição de todos os partidos que não são comunistas”.
Terceiro Congresso da Internacional Comunista (1) [ Os destacados são nossos (JR e FL)] Disponivel no http://grupgerminal.org/
NOTASADICIONALES
[1] Os dois primeiros, dirigentes sindicais burocráticos da CGT opositora; e Pablo Micheli, dirigente sindical da CTA. Na Argentina, as centrais sindicais estão divididas em cinco