Vote Nulo!

Preparemo-nos para lutar contra o ataque do PP e do PSOE

Todos sabemos que nas eleições os partidos políticos burgueses nos prometem coisas que já sabemos que não vão cumprir.Porém, nestas eleições tem-se batido todos os recordes de promessas/enganos. Tanto é assim que um promete aumento de emprego, no outro dia o outro promete o dobro, e assim até o infinito. No que coincidem totalmente, tanto o PSOE como o PP, é que nenhum diz como se cumprirão todas estas promessas. Todos os institutos econômicos, comentaristas especializados, mesmo a patronal e investigadores falam de uma grave crise econômica que se agravará mais ainda durante os próximos meses. Tanto é assim que nós a notamos nos preços das coisas; o desemprego que estava crescendo em todo o Estado obteve seu pior índice de janeiro dos últimos 24 anos. Entretanto, os dois candidatos mais importantes, Zapatero e Rajoy, prometem investimentos, baixas de impostos, sem ter em conta a realidade e sua projeção. Uma vez mais, como a cada quatro anos, nos convidam a eleger o novo governo que dirigirá os planos econômicos das multinacionais. É isso que nos pode dar esta democracia para ricos.

Quem é o novo “Sarkozy” do Estado Espanhol?

Ainda que não o digam com os ataques que está fazendo Zapatero, com o consentimento de Rajoy, está se preparando um próximo governo mais duro e repressivo que conduza a situação econômica de acordo com os pedidos desesperados da patronal CEOE. É neste marco que se insere o julgamento e a prisão de dirigentes e lutadores operários, como Candido e Morala ou os trabalhadores do Aeroporto de Barcelona; a perseguição político-judicial contra a esquerda abertzale que pôs na cadeia os acusados de 18/98, toda a direção de Batasuna, a declaração de ilegalidade de ANV e EHAK e muitos mais; as tentativas de criminalização de imigrantes quando prendeu umas catorze pessoas de Barcelona com a acusação de pertencerem a Jihad islà¢mica só porque uma testemunha protegida os acusou, a repressão contra os jovens que sofrem do desemprego e do trabalho precário, tanto dentro como fora dos institutos, para só mencionar os mais destacados. Nisto, para além das pequenas diferenças, voltam a coincidir os dirigentes do PSOE e os do PP. Por isso preparam um Governo que será mais repressivo, ao estilo Sarkozy, como o Financial Times coloca. Ante esta situação as burocracias sindicais dos Mendez e Fidalgo não nos dão nenhuma alternativa e se dedicam a pactuar com a patronal seus planos, deixando a classe operária de mãos atadas frente a estes governos neoliberais e ao ataque da patronal.

Enquanto o PSOE se encarregou de tirar das ruas milhares de jovens e trabalhadores em luta, que protagonizaram diversas mobilizações estudantis, uma greve geral e as enormes manifestações contra a guerra, deixou o campo livre ã direita do PP e o Episcopado para que se mobilizem contra o aborto, contra os gays e lésbicas, pela unidade da Espanha... Assim, pois, Zapatero tem conquistado uma relativa paz social, enquanto os setores mais ultras estão encorajados para tirar da frente todos seus planos.
Com uma crise econômica se abrindo e um novo governo muito mais duro vemos, porém, como tanto o PP e o PSOE se colocam contra os imigrantes, tratando de desviar o descontentamento de muitos trabalhadores para seus irmãos de classe. Devemos lutar juntos e combater todo o discurso ou medidas legislativas que aprofundem a divisão das fileiras operárias.

Vote Nulo

Lamentavelmente, a classe operária, não tem opção própria, e nenhuma alternativa de classe independente da burguesia. Está claro como tanto o PSOE, apesar de seu nome, e o PP, só governam em função dos interesses e lucros da grande patronal, e preparam, portanto, novos ataques contra os trabalhadores ante a crise econômica que se avizinha. Outras opções supostamente mais de esquerda como Izquierda Unida ou Esquerra Republicana de Catalunya, só tem sido a sombra dos social-liberais de Zapatero durante esta legislatura e ainda seguem na espera de algum ministério. Por isso, não é nenhuma alternativa de classe ã política neoliberal de Zapartero e tampouco a da IU ou ERC, que só se limitam a criticar as coisas mais “graves”, mas votam os orçamentos, o envio de tropa ao Haiti e ao Líbano, a LOE, a reforma trabalhista... Portanto, colocamos aos trabalhadores que querem votar em Zapatero contra a direita de Rajoy, que reflitam, posto que o PSOE e o PP têm governos que são continuidade um do outro sem nenhum tipo de problemas. Por tudo isso os militantes de Classe contra Classe propusemos repudiar estes candidatos e sua democracia dos ricos com um voto nulo. Não podemos fortalecer e legitimar com nosso voto a nenhum dos que se propõe a ser os gerentes de nossos carrascos. Nestas eleições, nós trabalhadores não temos alternativas próprias, nem nada a ganhar.

Preparar-se para lutar contra os ataques do PP e do PSOE

Os trabalhadores temos que começar a pensar também no terreno político. Já que se a classe operária tem sido a que manteve o crescimento da economia espanhola na base de precariedade, aumento das hipotecas ou dos preços, será, “governe quem governe”, a que sofrerá as conseqüências de uma possível crise economia. Partindo das lutas que se desatem contra o governo e lutando contra as ilusões nas mudanças do regime, a classe trabalhadora deve se preparar e se organizar para a luta, contra os planos de fome que descarregarão sobre nossas costas, para nos fazer pagar por sua crise. Organizar-nos para luta para erradicar a precariedade e defender os direitos trabalhistas, por uma recuperação do poder aquisitivo das famílias operárias, por uma reforma urbana radical que garanta um teto para todos, que defenda os serviços públicos e a renacionalização das empresas privatizadas, que lute pelas demandas democráticas no Estado Espanhol como o direito ã autodeterminação das nacionalidades oprimidas, o fim da monarquia, a regularização dos “sem papéis” e o direito ao voto de todos os imigrantes, a separação total da Igreja do Estado e o julgamento e castigo dos crimes da ditadura. E também junto aos estudantes contra o Plano Bolonha e os planos privatizadores da educação. Claramente tudo isto não pode ser levado a cabo, sem tocar de forma decisiva nos interesses de uma pequena minoria de exploradores e especuladores. A classe operária deve independizar-se por completo dos agentes da burguesia no movimento operário que são as direções burocráticas dos sindicatos, que vêm traindo e deixando a deriva todas as lutas que se enfrente a estes planos (se poderiam citar alguns casos). Ao mesmo tempo em que busca desembaraçar-se da tutela representativa dos partidos da esquerda institucional, que se demonstraram em numerosas ocasiões como aliados de governos social-liberais, como o de Zapatero, e oposições impotentes frente a governos do PP. Nestas eleições os trabalhadores não temos uma voz própria, independente do Estado, da patronal e da burocracia sindical. Desde Classe contra Classe chamamos ao voto nulo, e a preparar-nos para os duros ataques que estão por vir deste regime para ricos.

A luta contra o governo se apresenta a nós, pois, como uma tarefa imediata e inescapável, rechaçar aos principais partidos do regime e suas colaterais de esquerda ou nacionalista é um bom primeiro passo para ir forjando uma independência política de nossa classe. Diante o vazio de alternativa para os trabalhadores teremos que ocupá-lo levantando desde os centros de trabalho, fábricas em luta, os sem papeis em luta por seus direitos... um instrumento político independente de qualquer ala da burguesia, que nos permita ocupar os espaço que nos corresponde na arena política nacional.

Traduzido por Felipe Lomonaco